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Sericicultura garante volta de produtores ao campo

Tolerância da amoreira às intempéries e os bons preços têm colaborado para a rentabilidade


Foto: Divulgação

O município de Diamante do Sul é o segundo maior produtor de casulo de bicho-da-seda do Paraná. A tolerância da amoreira às intempéries e os bons preços do mercado, têm colaborado para garantir a rentabilidade da sericicultura.

Em muitos casos os lucros com a atividade superam os ganhos obtidos com outras culturas como a soja e o milho. A mecanização do trabalho também contribui para que mais agricultores apostem na criação do bicho-da-seda.   

Atualmente 140 produtores se dedicam à sericicultura em Diamante do Sul. A produção média é de 1.254 kg de casulo por hectare/ano, proporcionando uma remuneração bruta de R$ 26.835,60 por hectare/ano. Esse valor supera em R$ 9.263,80 por hectare (VBP Seab/Deral, 2018/2019) o resultado obtido com a cultura da soja, somado à cultura do milho safrinha. 

De acordo com o extensionista Wagner Gonçalves da Silva, do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater) de Diamante do Sul, a sericicultura é a quarta atividade em importância econômica do município, segundo levantamento do Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), com um incremento de receita na ordem de R$ 3.756.900 por ano. Silva lembra que a produção de casulos dá uma certa estabilidade econômica, já que se estende por oito meses ao longo do ano. "Com isso, a receita é disponibilizada em escala, o que possibilita melhor planejamento para o comércio na oferta continuada de seus produtos e na entrada de recursos. Os produtores também podem planejar melhor a aquisição dos insumos necessários para manter a propriedade rural e mantimentos para a manutenção das suas famílias", pontua Wagner.

Os sericicultores de Diamante do Sul se alinham à tradição do Paraná de produzir fios de seda de alta qualidade, o que desperta o interesse dos importadores. Conforme dados do Deral, o estado conta com mais de 1,8 mil produtores de casulos da seda, em 176 municípios. As amoreiras ocupam 4.700 hectares e o Paraná já responde por 83% de toda a produção nacional de fios de seda.

Tecnologia

"A sericicultura paranaense verticalizou-se fortemente em relação ao uso de maquinários e equipamentos agrícolas. A automação, em parte, do seu processo produtivo tem facilitado o trabalho no dia-a-dia do sericicultor. Os equipamentos têm garantido ganhos de produção e diminuição do esforço de quem se dedica ao trabalho diariamente", ressalta Deomar Fracasso, gerente regional do IDR-Paraná de Laranjeiras do Sul.

Entre os sericicultores de Diamante do Sul há uma grande diversidade de histórias, mas todas têm em comum o êxito com a atividade.  Noel Barbos dos Santos, de 52 anos, trabalhava na cidade. Em 2013 ele contava com uma renda mensal de um salário mínimo para sustentar sua família. As dificuldades o levaram a investir em uma pequena área, 1, 3 hectare, para a cultura da seda. Com esse terreno Santos conseguiu dobrar a sua renda, melhorando a vida de sua família. Além disso, o produtor reduziu as despesas, uma vez que no meio rural os gastos em relação ao custo de água e energia elétrica são menores.

Volta ao campo

Para João Paulo Medenski da Silva, de 25 anos, a sericicultura significou a esperança de melhorar de vida. Ele é casado e escolheu a criação do bicho-da-seda para explorar na propriedade onde trabalha em parceria com o pai.

"Em 2016, assim como a maioria dos jovens da minha idade que vive no meio rural, tinha a intenção de ir para a cidade trabalhar. Depois de uma conversa com meu pai, ele me incentivou a ficar e investir na sericicultura", conta o produtor. Silva acredita que a atividade é bem vantajosa quando comparada a outros trabalhos no meio rural. “A sericicultura é uma atividade que o produtor consegue ter um rendimento mensal, com exceção dos meses de maio a agosto que é o período de entressafra”, observa. 

João Paulo trabalha com três caixas de bichos-da-seda por lote, a cada 30 dias.  Ele consegue um rendimento de R$ 1.200 por caixa produzida, ou seja, fatura R$ 3.600 por mês. É uma renda superior à remuneração média praticada no mercado de trabalho urbano em Diamante do Sul. "A sericicultura proporciona desenvolvimento e renda em pequena escala de produção. Isto é fator significativo, quando analisado o extrato fundiário rural do Estado do Paraná e de Diamante do Sul, composto em sua maioria, pela pequena propriedade, pela Agricultura Familiar", conclui o extensionista Wagner Gonçalves da Silva.

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