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Soja do Paraná só chega por trem no cais


O protesto de caminhoneiros no Porto de Paranaguá entra no terceiro dia. Desde terça-feira, os condutores bloqueiam a saída do pátio de triagem, impedindo que as carretas descarreguem nos armazéns – soja no cais, só via trem. O sindicato da categoria (Sindicam) pede que o valor da diária seja reajustado de R$ 0,25 por tonelada para R$ 0,90.

Ontem (26-03) pela manhã, um grupo liderado presidente da entidade, Dilmar Bueno, reuniu-se com representantes dos terminais portuários. Não houve acordo e, à tarde, os carreteiros realizaram piquetes na BR-277, no acesso ao porto. Bueno tenta hoje resolver a situação em novo encontro. Apesar da manifestação, o congestionamento de caminhões nas estradas diminuiu, de 130 quilômetros para cerca de100 quilômetros. Isso porque funcionários dos terminais se deslocaram até a fila para efetuar a liberação da mercadoria, e permitir que as carretas se dirigissem para os silos sem a necessidade de passar pelo pátio de triagem. Com os piquetes, entretanto, a operação foi suspensa.

Já o carregamento nos navios não foi prejudicado. Três embarcações foram abastecidas ontem com soja em grão. A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) informa que 70% da capacidade de todos os armazéns do Corredor de Exportação (que comportam cerca de 1,1 milhão de toneladas) está ocupada. "Como choveu nas últimas noites, o escoamento para os navios ficou lento, o que fez acumular carga nos silos", observa o diretor de operações da Appa, Ogarito Linhares. Além disso, a movimentação de trens não foi afetada, salienta ele. "Não parou de chegar soja no porto".

Segundo a ALL, só na terça-feira foram descarregadas pelos vagões 25,2 mil toneladas de itens do complexo soja (grão, farelo e óleo). Desde o início deste mês, já são 514 mil toneladas. Linhares reconhece, no entanto, que preocupa o fato de não haver previsão para que os caminhoneiros liberem a saída do pátio. "Qualquer paralisação, no pico do escoamento, sempre prejudica", comenta.

Apesar disso, o governo do estado não pretende intervir nas negociações entre o Sindicam e os terminais portuários. O superintendente da Appa, Eduardo Requião, diz, por meio da assessoria de imprensa, que considera a manifestação "legítima", mas que a discussão sobre aumento no valor da diária "é comercial", e que deve ser resolvida entre os empresários e os trabalhadores.

O diretor executivo da Federação das Empresas Transportadoras de Carga do Paraná (Fetranspar), Sérgio Malucelli, tem opinião diferente. Malucelli defende uma interferência do poder público no impasse porque, na avaliação dele, vai ser difícil caminhoneiros e terminais chegarem a um consenso.

Ocorre que os acertos de diárias costumam ser resolvidos individualmente. Cada trabalhador fecha seu negócio com o terminal onde descarrega. De acordo com Malucelli, não há acordos coletivos que determinem quanto cada parte contratante deve pagar ao carreteiro por dia parado na fila. O diretor da Fetranspar afirma estranhar a reivindicação atual do Sindicam já que, há menos de um mês, houve reuniões entre terminais e caminhoneiros na qual o valor de R$ 0,25 não foi questionado. "De qualquer forma, a mobilização deles é justa. O caminhoneiro tem ficado em média 72 horas na fila, sem condições alguma".

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