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Sorgo com menor teor de lignina permite ganhos em produção de carne e leite

Entre as principais características agronômicas, o BRS 810 apresenta um rápido desenvolvimento


Um gene que confere ao sorgo maior digestibilidade e melhor conversão alimentar, com consequentes ganhos em produção de carne e leite na pecuária bovina. O gene bmr, de brown midrib, ou nervura marrom, foi objeto de estudo no processo de desenvolvimento da cultivar de sorgo de corte e pastejo BRS 810, recém-lançada pela Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG). Com a presença de uma nervura ou listra marrom central em suas folhas, esta cultivar apresenta menor teor de lignina, um dos principais componentes da fibra vegetal e responsável pela rigidez, impermeabilidade e resistência a ataques de micro-organismos e mecânicos aos tecidos vegetais.

No entanto, por mais necessária que seja à sobrevivência das plantas, altos teores de lignina dificultam o consumo de forragem por parte dos animais, afetando, negativamente, a produtividade animal, já que altas concentrações tornam mais lenta a passagem do volumoso pelo rúmen. Além de possuir menos lignina, o sorgo BRS 810 apresenta também maior potencial de desaparecimento da FDN (Fibra em Detergente Neutro). Segundo artigo de autoria de pesquisadores da Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora-MG), a presença dessa fibra tem efeito de enchimento do rúmen, “apresentando correlação inversa ao potencial de consumo voluntário da silagem”. Ou seja, quanto menor a porcentagem de FDN, maior será o consumo pelo animal.

“Para se produzir mais carne e mais leite, o produtor precisa de uma cultivar com maior digestibilidade”, pondera o pesquisador José Avelino Rodrigues, da Embrapa Milho e Sorgo. Outro diferencial que o BRS 810 possui é o baixo nível de outra fibra, a FDA (Fibra em Detergente Ácido). “Quanto menor o teor de FDA, maior a digestibilidade do sorgo pelo animal. Consequentemente, o produtor terá ganhos na produção de carne e leite”, reforça. Segundo ele, o BRS 810 apresenta também abundante perfilhamento, o que resulta em maior quantidade de massa verde, alta capacidade de rebrota e excelentes níveis de palatabilidade e aceitação pelos animais.

RESISTÊNCIA A DOENÇAS – Entre as principais características agronômicas, o BRS 810 apresenta um rápido desenvolvimento. “Em um período de 30 a 40 dias já fornece um pasto de alta qualidade”, diz Avelino. Outro diferencial desse material é a resistência à cercosporiose e ao míldio, duas das principais doenças que atacam a cultura. Na região Sul do país, por exemplo, onde cultivares de sorgo de corte e pastejo têm maior mercado, o míldio é uma doença bastante agressiva. “O produtor deve levar isso em conta”, reforça o pesquisador.

A cultivar apresenta ainda resistência ao acamamento, os grãos têm coloração branca e o potencial de produção de massa verde, de acordo com o pesquisador, é de 30 a 45 toneladas por hectare, considerando três cortes no ponto de pastejo. As plantas alcançam de 1,5 m a 3,7 m de altura e possuem folhas abundantes, longas e delgadas. Os colmos são finos e suculentos. As regiões recomendadas para plantio são o Sudeste, Centro-Oeste e Sul do Brasil. A comercialização das sementes deverá ser definida em breve. As informações são do Informativo Grão em Grão, da Embrapa Milho e Sorgo.

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