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Trigo: Entenda o motivo da "super alta" de preços

Conjunção de fatores técnicos e fundamentais


As cotações do trigo nos principais mercados futuros ao redor do mundo fecharam a sessão desta segunda-feira (1º.05) em forte alta. De acordo com a Consultoria Trigo & Farinhas, a “super alta” se deu diante da conjunção de dois importantes fatores: Fundos [de investimento] excessivamente vendidos e problemas de clima nas áreas de produção de trigo de inverno.

Os contratos mais próximos foram os que mais avançaram, porque são referência para a safra norte-americana e chegaram ao seu ponto mais alto nas últimas seis semanas. Em termos porcentuais, o trigo Chicago registrou sua maior alta diária desde 30 de junho de 2015.

Depois do fechamento de mercado o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou seu relatório semanal sobre o avanço e as condições dos cultivos. Para o trigo de inverno reportou que, até domingo último, cerca de 42% já estava espigado – contra 40% em igual data da safra anterior e 34% de média dos últimos cinco anos. 

O porcentual de cultivos em condição boa e excelente se manteve em 54% contra 61% de um ano atrás. No Kansas, 44% do trigo estava espigado no domingo contra 45% de um ano atrás e 33% de média dos últimos cinco anos. No principal estado produtor de trigo o porcentual de cultivo em estado bom e excelente baixou de 52% para 49% na semana encerrada no último domingo, ainda que seja um dado que poderá ser modificado.

Segundo a Reuters, os Fundos foram compradores de 12.500 contratos de trigo Chicago, contribuindo para a forte alta. A cotação de dezembro de trigo hard de Kansas ganhou US$ 9/t nesta segunda-feira. Há previsões sobre porcentuais de perda de trigo hard, embora deva demorar para se conhecer o impacto. Na próxima quarta-feira inicia um giro de referência sobre o trigo em Kansas que concentrará a atenção do mercado.

Dentre os fatores técnicos, o analista sênior da T&F, Luiz Carlos Pacheco, destaca a influência dos Fundos de investimento excessivamente vendidos: “O fechamento em forte alta aponta um gap, um vazio, que deverá ser fechado mais cedo ou mais tarde pelo mercado. Já havíamos recomendado a colocação de PUT de compra para moinhos, cerealistas e cooperativas, com vistas à melhoria de preço a longo prazo”. 

“Quem seguiu a nossa recomendação da última quinta-feira já ganhou US$ 1.500/contrato ou R$ 2,10/saca. E faltam apenas 30 cents para atingir a cotação-limite para poder oferecer algo entre R$ 38-40,00/saca ao agricultor para a próxima temporada”, ressalta.

De acordo com ele, quem perdeu esta oportunidade tem duas escolhas: “a primeira é assumir posição agora, ganhando menos. A segunda é esperar que o mercado feche o gap (que fatalmente ocorrerá, só não se sabe exatamente quando) e então colocar posições de PUT em níveis mais lucrativos. Mas, esperar é um risco. A posição vendida dos Fundos na atual temporada, em relação aos anos anteriores, mostra a grande vulnerabilidade destas posições e a possibilidade de forte liquidação, fato que começou a ocorrer hoje, com a compra de 12 mil contratos”.

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