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Trigo 2009 vai dividir espaço com a safra anterior nos armazéns

Cerca de 700 mil toneladas do cereal colhidas em 2008 ainda não saíram dos estoques dos produtores e do governo


A colheita do trigo começa nos próximos dias no Paraná, mas a comercialização do produto ainda está em estaca zero. Nem mesmo a produção colhida em 2008 foi totalmente vendida. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o estado ainda tem entre 300 e 340 mil toneladas de trigo nos armazéns das cooperativas (fora dos moinhos) e dos produtores agrícolas. Além disso, 393.500 toneladas do governo estão estocadas no Paraná. No total, são cerca de 700 mil toneladas não comercializadas, que representam mais de 20% de toda a produção estadual do último ano (3,21 milhões de toneladas).

O panorama atual não costuma predominar em início de colheita. "Neste momento, normalmente, toda a produção anterior já está vendida, mas no ano passado houve pouca demanda interna. Buscou-se trigo no mercado internacional a preços mais atrativos", explica o engenheiro agrônomo Otmar Hübner, do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura (Seab).

Tirar o atraso é um desafio que envolve os produtores e o governo. Para armazenar os grãos do próximo verão, muitos terão primeiro que se dedicar à venda de trigo de duas safras. A próxima colheita de trigo pode ser a maior dos últimos 20 anos, com uma área de plantio 9% superior à de 2008. "Nós precisamos que o governo realize leilões para escoar esse resto da safra e ofereça contratos de opção de venda futura para a produção nova", diz o analista técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) Robson Mafioletti.

Por enquanto, um leilão realizado através do programa Valor de Escoamento do Produto (VEP) definiu, há três semanas, a saída de 31 mil toneladas do estoque do governo no estado. Na segunda oferta por meio do VEP, feita na última semana, não houve interessados. De acordo com o técnico da Conab Eugênio Stefanello, leilões baseados no Prêmio para Escoamento do Produto (PEP) – que garantem preço mínimo ao agricultor – serão organizados para retirar 200 mil toneladas dos estoques dos produtores paranaenses. "Cremos que os moinhos poderão comprar o restante e assim não haverá mais este excesso", projeta. Atitude semelhante já foi adotada no Rio Grande do Sul, onde 175 mil toneladas de trigo foram vendidas no último mês de julho através de ações do governo.

Dependência

Na safra 2009/10, os produtores vão depender mais da ajuda do governo para negociar o trigo. A Conab prevê participação governamental em metade das negociações, já a partir de setembro. Devem ser abertas Aquisições do Governo Federal (AGF) e leilões com PEP. Os contratos de opção de venda futura deverão ser lançados também no próximo mês, com exercício a partir de janeiro de 2010.

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