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Armazenagem – aguardando sua safra


Adriano Mallet
Estaremos recebendo mais uma nova safra. Neste ciclo, aplicamos todas as tecnologias disponíveis para termos a maior e melhor rentabilidade em nosso negócio, como agricultura de precisão, aplicação de fertilizantes, variedades de sementes e outros itens que melhoram nossa eficácia quando da colheita. Todo esse volume terá que ser armazenado adequadamente e com garantia de qualidade, mantendo o valor agregado dos produtos no momento da comercialização no mercado nacional e internacional.

Neste momento, reforçar algumas instruções referentes à operação e manutenção dos equipamentos e também para uma conservação adequada, é extremamente pertinente.

Antes de iniciarmos, devemos preparar a Unidade para receber atividades e ações de manutenção preventiva. Primeira etapa é executar uma higienização geral, retirando todos os resíduos de grãos existentes e depositados sobre  pisos, no fundo de poços e interior dos túneis, pois a decomposição forma gases que são mortais e de ação rápida quando em contato com o ser humano. Retirar o pó acumulado, o qual é um dos maiores agentes de contaminação no ambiente. Implantação de placas de sinalização junto ao local de manutenção e quadro de comando, é fundamental para a segurança dos serviços a serem realizados, juntamente com o corte da energia elétrica, identificando quais estão em manutenção.

Limpeza

Para uma ótima armazenagem, a limpeza dos grãos é muito importante. Iniciamos com uma limpeza periódica no interior da máquina, especificamente na câmara gravitacional - local onde ocorre a captação do pó e das impurezas leves. No quadro das peneiras estão as esferas de borracha que têm por função retirar as impurezas e grãos retidos nos furos das próprias peneiras. A verificação do estado das esferas de borracha otimiza a limpeza dessas áreas,  evitando a diminuição da capacidade de produção pela redução da área de processo. Importante, também, é a distribuição homogênea dos grãos sobre o quadro de peneiras, regular a entrada para que ocorra a distribuição.

Em caso de troca de bielas ou tensores das caixas de peneiras, devemos trocar sempre o conjunto, independentemente de ser metálica ou de madeira. Isso manterá a uniformidade do conjunto e, consequentemente, o balanço dinâmico.

Regular os registros de ar que atravessam a massa de grãos, arrastando o pó e as impurezas leves para o ciclone, observar o sistema de captação de pó, não deixando pó/cascas precipitar na canalização de ligação (máquina-ciclone) e manter regulado o saco de coleta de pó sempre estufado é fundamental para aumentar a eficiência da captação.

Uma limpeza adequada reduz a emissão de pó, incêndio no secador, obstruções na canalização que liga os equipamentos e focos de aquecimento na massa de grãos.

Secagem

No secador, verificar o sistema de descarga, lubrificando os mancais e rolamentos, observando o nivelamento da mesa de descarga e, caso for do tipo descarga pneumática, cuidar das pressões necessárias de trabalho, do sistema de lubrificação do cilindro pneumático e do funcionamento do compressor de ar, seguindo instruções do fabricante. A limpeza deve ser periódica no interior do secado. Esta deve ser realizada, a cada 5 dias de trabalho no máximo. O não cumprimento desta instrução poderá provocar incêndios. Cuidar para que a entrada do produto seja sempre de forma vertical, através do uso de amortecedores que têm como objetivo amortecer a queda do produto, reduzindo danos físicos, e direcionar verticalmente para o interior, de forma que a distribuição seja homogênea. O uso de amortecedor deve ocorrer na entrada de todos os equipamentos, caso contrário provocará desalinhamento nos transportadores, desgastes nas chapas de entrada e distribuição desuniforme. Operar o secador sempre nas temperaturas especificadas pelo fabricante.  Secagens a altas temperaturas provocam danos aos grãos, como fissuras na parte externa que facilitam a penetração de  insetos e fungos. Após a operação, deixar o secador trabalhar por 20 minutos, para que ocorra a secagem da umidade no interior do mesmo, eliminando a saturação e possíveis focos de oxidação nas chapas. Verificar funcionamento do controle de nível.

A fornalha, deve ser inspecionada periodicamente, verificando-se as condições das grelhas da câmara de combustão, das paredes internas, do quebra chamas, e a limpeza do redemoinhador interno. Para uma operação adequada, os cinzeiros deverão ser limpos e abertos, a lenha distribuída sobre toda a grelha e a porta da fornalha deve permanecer fechada, forçando o ar a passar pela câmara de combustão.  As pressões de trabalho da fornalha e do secador devem ser monitoradas pelo aparelho manômetro, instalado junto ao secador em locais indicados pelo fabricante. Ele deve ser observado continuamente e, em caso de alteração das pressões, o operador deverá regular novamente o sistema para manter os índices especificados e observar o que gerou a desregulagem.

As oscilações de temperatura provocam secagem não uniforme e quando a temperatura se eleva acima do limite, surgem riscos de incêndio. Por isso, é ideal manter a alimentação contínua de lenha deixando a temperatura de secagem dentro dos parâmetros determinados. 

Quando em situação de incêndio deve-se abrir a chaminé, fechar a alimentação de grãos e agilizar a descarga, desligar os exaustores, abafar a fornalha fechando os cinzeiros, fechar entradas de ar no secador, identificar ponto do incêndio, aguardar a conclusão da queima e, após, promover uma limpeza.

Lembramos que o incêndio sempre inicia onde há acumulo de impurezas e este é o principal motivo para a realização de limpezas periódicas no interior do secador.

Observação: nunca utilizar água para apagar o fogo.

Armazenagem

Devemos ter o conceito de que guardar com qualidade exige recipientes higienizados.  Silos ou Armazéns devem ser preparados criteriosamente para receber a safra, que ficará depositada por tempo indeterminado. Logo, existe a necessidade de realizar uma limpeza retirando todos os resíduos de grãos, impurezas e focos de contaminação. Nos Silos devemos limpar as paredes internas, canaletas e nas chapas perfuradas de aeração e verificar a existência de infiltração de umidade. Lubrificar o espalhador de grãos, os registros de descarga, o ventilador e o acionamento da rosca varredoura, quando houver e o fechamento da porta de inspeção pela parte interna do silo. Verificar a fixação dos cabos de termometria e o seu funcionamento, testando os sensores de temperatura e suas conexões. Quando iniciar a carga, observar o funcionamento do espalhador de grãos (giro), em momento de paradas, nivelar o talude interno para termos uma aeração uniforme, iniciar o processo de aeração por insuflação e monitorar as temperaturas da massa. Na descarga dos grãos, iniciar sempre pelo registro central (para silos verticais), até o termino do talude. Na sequência, acionar as demais laterais, concluindo o processo através da rosca varredora, quando se deve retirar a cobertura da mesma, do centro para a extremidade. Para os armazéns, as instruções são similares. Quando trabalhamos com a massa de grãos, jamais caminhar sobre a mesma, caso seja necessário, fazer somente com utilização de sistema de segurança e acompanhado.
 

Transportadores

Os transportadores são fundamentais para manter a capacidade de processamento da unidade. Nos elevadores de caçambas, devemos seguir as instruções de manutenção como fixação das caçambas e seu desgaste, alinhamento das calhas e correias das caçambas e a tensão desta última, e limpeza e regulagem do freio contra recuo, dispositivo que evita embuchamento do elevador no caso de falta de energia elétrica, retirar as impurezas que ficam acumuladas no funil de saída para evitar obstrução de passagem dos grãos, reduzindo a capacidade de transporte. A alimentação deve ser feita somente com as caçambas em movimento, não ultrapassando a capacidade máxima especificada. Evitar parada com as caçambas cheias de grãos, que provoca sobra carga quando da nova partida, causando danos no motor e transmissões. Estas instruções de operação são válidas e se aplicam aos demais transportadores.

Nas correias transportadoras, deve-se verificar o alinhamento e se os roletes estão girando livremente. Cuidar da tensão da correia através dos esticadores (manual ou por contra peso). Se estiver operando acima da tensão, haverá redução na capacidade de transporte, por não poder formar a superfície adequada para transportar o volume. Com tensão abaixo do especificado, provoca desalinhamento e possíveis danos na borracha.

Nos transportadores helicoidais, é importante manter os mancais lubrificados e observar a regulagem do caracol (helicóide), mantendo-o nivelado e alinhado, não permitindo o contato deste com a calha.

Segurança:

 Ações para minimizar as ocorrências:

•    Identificação dos equipamentos a nível visual do operador, instalação de placas identificando setores da Unidade.

•    Fechamento com passagem de ar nas bordas dos poços com porta de inspeção para evitar quedas de pessoas.

•    Guarda corpo nos elevadores, passarelas e demais locais necessários.

•    Sistema de renovação de ar em poços e túneis, para retirada de gases acumulados.

•    Sistema de combate a incêndios e de proteção contra fenômenos naturais.

•    Utilização de equipamentos de proteção coletiva EPCs e EPIs.

Estas são algumas instruções para aguardar o recebimento da sua safra. Importante é termos um plano de manutenção preventiva e corretiva e de um programa de capacitação dos operadores, o este deve possibilitar treinamento e reciclagem. Isto contribui para a qualidade e a rentabilidade da safra armazenada. Uma equipe capacitada para operação, com o domínio das melhores práticas, complementa e garante uma safra rentável.

Eng. Adriano Mallet
[email protected]
51 81707172

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