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Estação de monta e efeito macho na criação de pequenos ruminantes


Danielle Maria Machado Ribeiro Azevêdo

Dra. Danielle Azevedo/Pesquisadora da Embrapa Meio-Norte

Parnaíba, 14 de maio de 2008. Em tempos de inseminação artificial, transferência de embriões e folículos pré-antrais algumas práticas reprodutivas simples, porém eficientes, caíram no esquecimento. Na verdade, para alguns, podem até mesmo, ser totalmente desconhecidas. Uma delas é a estação de monta. Estação de monta nada mais é que a concentração de coberturas em uma determinada época do ano, época esta mais favorável às coberturas e, principalmente, ao posterior nascimento das crias. Todo criador sabe que sem alimento suficiente a cabra ou ovelha dificilmente entra em estro (cio). E, se manifesta o estro, dificilmente produz óvulos de qualidade (ou quantidade) adequada. Se produz óvulos em bom estado, dificilmente será capaz de manter a gestação até o nascimento. E ainda, se conseguir segurar a gestação, dificilmente nascerão crias de bom peso e saudáveis.

Então, ao produtor resta planejar o manejo reprodutivo de seu rebanhoe isto nada mais é do que dividir o ano em épocas mais favoráveis à cobertura, à gestação e à parição ou nascimentos. A base de tudo é o alimento – para mãe e para a cria, mas também devem ser observadas as condições de pluviosidade durante a época de nascimentos para evitar alta mortalidade de crias em decorrência de problemas pulmonares e verminose.

No Nordeste, de maneira bem simples, devemos observar em cada sub-região o início das águas, visto que, pouco depois se inicia a ¨fartura¨ de pasto, época ideal para que a fêmea emprenhe, pois ocorre quase um ¨flushing¨ natural que o produtor pode aproveitar a seu favor para reduzir os custos com alimentação na propriedade. Com pouca ou nenhuma suplementação, dependendo do tipo de pasto disponível, é possível obter bons índices de prolificidade. Considerando que a gestação de cabras e ovelhas dura em média cinco meses, a cria gerada em período de pluviosidade/alimentação elevada vai nascer já no final das águas, quando o pasto ainda pode ser considerado suficiente para os primeiros dias de amamentação (até a cria começar a ingerir algum alimento sólido) e a umidade está baixa o suficiente para não ocasionar mortes por problemas pulmonares ou verminose.

O segredo, simples, é alimentar/suplementar crias e não matrizes na época seca – o que reduz os custos com alimentação, já que o consumo das crias é bem inferior ao de um animal adulto. É bom lembrar ainda que para se obter três partos em dois anos, a duração da estação de monta deve ser de, no máximo, 49 dias (sete semanas) e o desmame das crias deve ser realizado quando as mesmas tiverem no máximo 84 dias.

O produtor pode ainda associar à estação de monta outra prática bem simples – o efeito macho e, assim, conseguir aumentar o número de fêmeas prenhes ao final da estação de monta, o que reduz o gasto com alimentação de fêmeas vazias na propriedade. O efeito macho consiste em separar, totalmente, os machos das fêmeas por aproximadamente 45 dias antes da época prevista para cobertura. Observe que as fêmeas não devem nem sentir o ¨cheiro¨ do reprodutor. Assim, ao ¨rever¨ o macho, que deverá inicialmente ser um rufião, as fêmeas tenderão a manifestar estro simultaneamente, o que facilitará não apenas o manejo durante a estação de monta, mas também concentrará ainda mais os nascimentos dentro da estação de nascimentos prevista, uniformizando por idade e manejo os lotes na propriedade.

É importante frisar que o primeiro estro após a ¨apresentação¨ do reprodutor não deverá ser utilizado, bastando portanto, apenas a introdução de um rufião para identificar o estro, pois este primeiro cio na maioria das vezes não vem acompanhado de ovulação. Logo, somente após duas semanas de contato do rufião com as fêmeas deverá ser introduzido o reprodutor para cobertura das mesmas, o que ocorrerá já no segundo ou terceiro cio.

Então se percebe que, utilizando práticas simples – estação de monta e efeito macho – é possível ao pequeno e ao grande produtor planejar a época que terá animais para o abate e também, negociar grupos uniformes de borregos e/ou cabritos para conseguir um melhor preço final de seu produto.

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