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Como o uso do calcário agrícola associado ao zinco pode ajudar o agricultor

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Carolina De Barros Aires

O zinco é um micronutriente essencial para a vida de plantas, animais e seres humanos. A descoberta de sua essencialidade no desenvolvimento de plantas foi cientificamente estabelecida nos anos 70. 

Nas plantas, o zinco tem papel chave como constituinte estrutural ou como co-fator regulador de uma enorme variedade de enzimas e proteínas nos principais ciclos bioquímicos em sua maior parte relacionados com [1]:
- metabolismo do carboidrato, tanto na fotossíntese quanto na conversão de açúcares a amido;
- metabolismo de proteínas;
- metabolismo da auxina (regulador de crescimento);
- formação do pólen;
- manutenção da integridade das membranas celulares;
- resistência à infecção de certos agentes patogênicos;

Quando o suprimento de zinco para as plantas é inadequado, uma ou mais funções fisiológicas dependentes desse micronutriente são afetadas adversamente.

A deficiência de zinco é difícil de ser percebida e geralmente é chamada de “fome oculta” da planta, pois não é possível ver na planta os sinais da deficiência de zinco. O impacto principal é na redução de produtividade, em torno de 20% ou mais. A planta só começa a apresentar sinais mais claros em deficiências acentuadas de zinco [1]:

- crescimento menor (menor altura da planta);
- clorose intervenal (partes amareladas nas folhas);
- ferrugem nas folhas cloróticas;
- folhas pequenas e com formas anormais;
- folhas muito juntas, formando uma rosácea, entrenós entre folhas curtos;

Segundo Faquin [2], os solos das regiões tropicais são particularmente deficientes em zinco e em boro. O zinco tem baixa mobilidade no solo e é facilmente adsorvido, principalmente pela goetita (óxido de ferro hidratado), o que faz com que fique indisponível para a planta. 

Uma vez estabelecida a necessidade de zinco para o correto desenvolvimento das plantas, a principal dúvida é como fazer o aporte desse micronutriente tão importante nos solos brasileiros.

Uma das etapas iniciais para o plantio é o preparo do solo. Nessa etapa é imprescindível a aplicação de calcário para a correção de acidez para permitir o enraizamento da planta, que são responsáveis pela absorção de nutrientes.

Existe uma grande variedade de calcário agrícola para correção de acidez no solo disponíveis no Brasil. Um desses produtos é o Zincal 200, calcário produzido na região de Paracatu – MG. O produto tem todos os registros do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA e já é comercializado há mais de 15 anos na região. 

O Zincal 200 é um calcário bastante fino e sua absorção no solo é rápida, neutralizando quase que imediatamente a acidez e já tem em sua composição uma pequena quantidade de zinco que vai ao solo junto com o calcário. 

As principais características do Zincal 200 são:
- teor de cálcio como CaO: mínimo 26%
- teor de magnésio como MgO: mínimo 16%
- PRNT: geralmente acima de 90%
- teor de Zn contido: aproximadamente 0,3%

Por ser um produto registrado no MAPA, o Zincal 200 precisa cumprir todas as garantias do produto, inclusive para metais pesados e está sujeito à fiscalização do órgão. É muito importante trabalhar com matérias-primas que tenham garantia de origem das fontes de micronutrientes pois infelizmente no mercado de fertilizante no Brasil são usadas algumas fontes inadequadas para uso direto no solo como pó de aciaria elétrica (PAE), óxidos residuais da produção de latão e materiais resultantes da queima de pneus.

Para o agricultor, sempre que é possível associar a aplicação de produtos no mesmo momento, é melhor. Portanto um mesmo produto que pode suprir duas ou mais necessidades da planta ou de correção de solo, como o Zincal 200, é diferencial.

É bastante conhecido o fato de que com o aumento de pH do solo, o zinco fica mais indisponível para a planta e com isso a efetividade do Zincal 200 pode ficar em dúvida.

Foram feitos alguns estudos pelo IAC – Instituto Agronômico de Campinas com a cultura de Cana de Açúcar com objetivo de verificar a influência do uso de zinco em cana de açúcar e também se o uso desse micronutriente melhoraria a resposta da cana de açúcar à calagem. Mellis, E.V. constatou em estudos na região de Guaíra – SP com 4 manejos de calcário diferentes (calcário dolomítico puro, calcário dolomítico mais sulfato de zinco, zincal 200, zincal 200 mais sulfato de zinco) que a cana de açúcar respondeu positivamente à calagem conjunta à adubação com zinco aumentando em até 3 toneladas por safra a produção de colmos e que o uso do calcário Zincal 200 é uma alternativa para a inclusão de zinco no solo. Esses resultados foram apresentados pelo pesquisador em 2017 no XXXVI Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, em Belém, Pará [3]. 

Nesse mesmo congresso, CAVALLI. E., estudante de Doutorado do IAC e com a supervisão do pesquisador titular do IAC MELLIS, E.V. também apresentou estudo com 4 manejos de calcário e adubação com zinco com objetivo de verificar a quantidade de zinco necessária à cana-de-açúcar. Esse estudo comprovou que a cana-de-açúcar precisa de zinco e que esse micronutriente aumenta a produtividade de colmos por hectare. A dose utilizada foi de 10 kg de Zn/ ha [4]. 

Os estudos citados acima demonstram que também para a Cana-de-açúcar, uma cultura importante para a economia do Brasil, o zinco tem impacto positivo na produtividade e o uso do Zincal 200 auxilia o agricultor, já introduzindo no solo uma parte da quantidade necessária de zinco na etapa de calagem.

O Zincal 200 é um produto diferenciado no mercado e contribui com a disponibilização de zinco no solo juntamente com o calcário aplicado na correção de acidez. É uma alternativa que pode melhorar a produtividade na lavoura, ajudando a otimizar recursos. 

No caso da cana-de-açúcar fica também comprovado que esse tipo de lavoura teve a melhor resposta com quantidade de zinco de 10 kg por hectare e na etapa de calagem o produtor pode completar o teor de zinco do Zincal 200 com outra fonte, como por exemplo o sulfato de zinco, para obter o máximo rendimento da cana-de-açúcar.
 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
[1] ALLOWAY, B.J. Zinc in soils and crop nutrition. International Zinc Association and International Fertilizer Industry Association, Brussels, 2008. Disponível em: <https://www.zinc.org/wp-content/uploads/sites/4/2015/04/pdf_2008_IZA_IFA_ZincInSoils.pdf>. Acesso em 23/11/2018
[2] FAQUIN, V. Nutrição mineral de plantas. Lavras: UFLA/ FAEPE. 2005, 186 p.
[3] MELLIS, E.V. ; TEIXEIRA, L.A.J.; QUAGGIO, J.A.; CAVALLI, E.; CAVALLI, C. Calcário e Zinco em Soqueira de Cana-de-açúcar. In: XXXVI Congresso Brasileiro de Ciência de Solo, 30 de Julho a 04 de Agosto de 2017, Belém, Pará, Brasil. 
[4] CAVALLI, E.; MELLIS, E.V.; ABREU, C.A.; TEIXEIRA, L.A.J. ; QUAGGIO, J.A.; CAVALLI. C. Interação de Calagem e Adubação com Zinco em Cana-Planta. In: XXXVI Congresso Brasileiro de Ciência de Solo, 30 de Julho a 04 de Agosto de 2017, Belém, Pará, Brasil.
 

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