O feijão caupi, também entre outras denominações chamado de feijão fradinho, macassar, feijão de corda ou feijão miúdo é cultivado predominantemente nas regiões norte e nordeste do país. Como uma leguminosa comestível e dotada de alto conteúdo protéico, constitui numa das principais culturas de subsistência do sertão semi-árido do nordeste e em áreas isoladas da Amazônia, especialmente onde se instalaram imigrantes nordestinos. Apesar de sua importância, especialmente no nordeste, é sugerido que os rendimentos obtidos nas grandes zonas ecológicas desta região não ultrapassem a marca de 250 kg/ha.
Na região amazônica , apesar do caupi ser um componente importante nos sistemas naturais de produção e um dos componentes básicos da dieta alimentar humana, não apresenta desempenho produtivo que estimule o agricultor em expandir suas áreas de cultivo. A predominância de exploração em solos de baixa fertilidade, falta de uso de corretivos químicos e adubos e, principalmente, indisponibilidades de cultivares de elevado potencial genético, são os principais fatores que contribuem para o fraco desempenho produtivo do caupi.
No caso específico do Amapá inexistem dados precisos sobre o que representa o caupi para a economia do Estado e a sua importância social para o pequeno agricultor. Porém com a criação da Área Livre de Comércio de Macapá e Santana em 1991, um grande número de pessoas, principalmente nordestino migrou para o Estado, o que fica sugerido a grande demanda pelo cultivo e consumo da leguminosa . É notório que nos três últimos tenha havido um crescente interesse pelo cultivo da leguminosa do caupi no Estado. O preço compensador ao consumidor, que hoje esta em torno de 93% do preço pago ao feijão comum, pode ser uma dos fatores que tenha contribuído para que os pequenos produtores se interessassem pela cultura. Acrescentasse também a forte limitação, até a presente data, de se cultivar do feijoeiro comum no Amapá, em virtude das condições climáticas adversas.
Visando estimular a expansão do cultivo do caupi, a Embrapa Amapá juntamente com a Embrapa Meio Norte, localizada no Estado do Piauí, estão desenvolvendo trabalhos de pesquisa e difundindo os seus resultados perante uma boa parte dos dezesseis municípios do Amapá. Como resultado deste trabalho conjunto houve a recomendação de duas novas cultivares de ampla aceitação, tanto no aspecto produtivo como no aspecto da comercialização. Os dois novos genótipos recomendados são recomendados para a condição de sequeiro.
O Amapá é detentor de extensas áreas várzeas, com boas características de fertilidade natural e com grande aptidão agrícola para a produção de alimentos. Contudo estas áreas são desprovidas de informações agrotécnicas capazes de serem incorporadas ao sistema de produção do produtor ribeirinho, principalmente com a cultura do feijão fradinho ou caupi.
Baseado na grande demanda atual do Estado, em relação ao caupi, estão sendo realizados ensaios de pesquisa nas condições de várzeas, visando identificar linhagens com alto potencial de produção, resistente e/ou tolerantes a doenças e pragas e boa aceitação comercial.
Em 2000 foram iniciados os trabalho de pesquisa às margens do rio Vila Nova, pertencente ao município de Mazagão e nas várzeas do rio Anauerapucu pertencente ao município de Santana, cujo solo é do tipo Gley Pouco húmico hidromórfico. Foram testadas trinta e duas linhagens de tegumento branco, em virtude de ser o de maior aceitação comercial no Estado. Tendo em vista a boa fertilidade natural da várzea não se utilizou no estudo a prática de adubação e correção do solo.
Preliminarmente os resultados mostraram grande desempenho produtivo dos genótipos avaliados, obtendo-se produtividade média de até 1.796 kg/ha de grãos. A média de rendimento dos experimentos foi de 1.403 kg/ha, que se comparado ao rendimento médio de 200 kg/ha, que se obtém no Amapá, observa-se uma produtividade de 5,6 vezes superior.
Os resultados inicialmente obtidos, são expressivos e mostram ser possível disponibilizar ao produtor ribeirinho, num curto espaço de tempo, cultivares de feijão caupi de elevado potencial produtivo para as várzeas do Amapá.