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Plano agrícola e... agrícola


Amado de Olveira Filho
O Governo Federal lançou o seu chamado Plano Agrícola e Pecuário (PAP) para execução durante o calendário rural 2013/2014. É certo que o Estado de Mato Grosso em todos os segmentos do agronegócio estadual tinha uma grande expectativa em relação ao tema, afinal, o mais importante cargo do Ministério da Agricultura que trata do assunto, era entendido como nosso!


Mas não foi bem assim. O PAP de fato é importante para o nosso Estado e para todas as regiões produtivas brasileiras. Atende muitos segmentos agropecuários, outros, nem tanto. Claro que isto reflete uma opção do Governo Federal em manter sua política agrícola voltada mais fortemente para a produção de grãos.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) deixa claro isto ao inserir em seu banner e publicar em seu sitio a seguinte frase: “Mais crédito para crescer, financiamento rural de R$ 136 bilhões, aumento de 18% em relação à safra anterior, expectativa de 190 milhões de toneladas de grãos”.

Este é o objetivo e, de fato, o Brasil precisa de uma maior produção de grãos, pois temos todas as condições para tanto. Mas tenho visto e ouvido importantes líderes de outros segmentos registrarem posição de que a política agrícola brasileira, desde há décadas, atende parcialmente suas atividades.

Agora no PAP 2013/2014 pude observar que eles têm razão. De novo, no sitio do MAPA e em seu banner o Governo Federal anuncia mais recurso para o produtor ampliar: “crédito para cooperativa, armazenagem, seguro rural, irrigação, inovação tecnológica, agricultura de baixo carbono e defesa agropecuária.”

Como vêem no caso da pecuária de corte, dividimos com outros segmentos recursos para a defesa agropecuária. Mas, mesmo neste caso, no Estado de Mato Grosso a defesa pecuária é praticamente privada, onde o programa de combate a aftosa é mantido pelos pecuaristas que pagam taxas pelos serviços que demanda do seu Instituto de defesa.

Ainda em relação à pecuária de corte, que é uma atividade que vem se modernizando a duras penas, é plenamente defensável a implementação de dois programas pelo Governo Federal. Um para fortalecimento do segmento de cria e outro para recuperação de pastagens na Amazônia legal.


O Governo Federal sabe disto. No caso das pastagens um dos técnicos que mais domina este assunto é funcionário dele, se trata do Dr. Dias-Filho da EMBRAPA Amazônia Oriental. Dias-Filho tem um grande número de publicações cientificas sobre o tema e, suas opiniões são facilmente encontradas na Internet.

Já no caso do fortalecimento do segmento de cria, onde se busca aumentar e melhorar a produção de bezerros, é outra demanda simples de entender. O Brasil está testemunhando um processo de especialização da terminação de bois gordos que é feita em confinamentos ou na integração lavoura pecuária (ILP) e, tradicionalmente a pasto.

Com o aumento da produção de grãos será aumentada a demanda por bois para terminação em confinamentos e se consolidará a ILP. Tudo isto aumentará em muito a necessidade de investimentos no principal segmento da atividade da pecuária de corte, a cria. Caso contrário, veremos em curto e médio prazo o Brasil perder mercado para seus concorrentes.

A questão da produção de bezerros não é uma questão restrita a pecuária matogrossense e brasileira, ao contrário, a reprodução é o principal motivo de preocupação dos pecuaristas em todo o mundo, tudo isto por uma simples questão, quem produz mais bezerros, produz mais arrobas de boi gordo.

Esta é a questão. Se quisermos uma pecuária sustentável para o atendimento do mercado interno e para atingir novos mercados, todos precisam fazer sua parte. Assim, se não ocorrer uma forte manifestação política sobre tais questões agora, vamos aguardar o PAP 2014/2015.

Aliás o ano que vem será pródigo para todos nós, tão logo seja divulgado o PAP virão os jogos da copa do mundo, após a copa teremos eleições gerais. Quem sabe! Voltarei a este tema na próxima semana.

Amado de Oliveira Filho é economista e especialista em Mercados de commodities agropecuárias e, Direito ambiental e desenvolvimento sustentável – [email protected]

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