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Produzir alimentos na África


Amado de Olveira Filho
Certamente que temos muito mais ligações com a África, especialmente, Moçambique, do que imaginamos. Estudos realizados pelo geneticista Sérgio Pena, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apontam que as restrições ao tráfico de escravos para o Brasil culminaram por tornar aquele País expressiva fonte fornecedora de escravos e, com isto, também, tornou-se expressiva a marca genética dos descendentes de escravos no Brasil.

Outros estudos indicam que a situação de caos político e econômico que todo o continente africano vive atualmente é conseqüência da desarticulação de todo o processo produtivo e, de todo o tecido social pelo desenfreado processo como atividade econômica que a escravidão ocasionou. Era comum, em função das necessidades mais elementares, se verificar o absurdo de uns a se venderem, outros a caçarem os que não se querem vender.

Muito tempo depois da Revolução Verde liderada pelo Norte americano Norman Ernest Borlaug, Moçambique tenta sua revolução verde ainda utilizando-se de juntas de bois rebocando pequenos arados de ferro, com resultados pifios. Mesmo assim, dos 36 milhões de hectares agricultáveis, conseguem produzir em 5 milhões de hectares, com baixíssima ou nenhuma tecnologia. Sem sombras de dúvidas, pouca coisa para alimentar 21 milhões de habitantes;

Disposto a mudar este status quo e, sustentado por um protocolo diplomático firmado com o governo brasileiro, o governo de Moçambique enviou seu Ministro da Agricultura ao Brasil, chegando ao mesmo destino agora em 2011 de milhares de moçambiquenhos, que viveram um verdadeiro cenário macabro que era o que se via nos navios negreiros.

Com altivez, o Ministro Moçambiquenho faz palestras apresentando ao Brasil, inclusive ao Estado de Mato Grosso o potencial agrícola que é seu País, que além da similaridade de um País tropical, possui vantagens comparativas extraordinárias, que  além de permitir o atendimento do mercado interno, permite o acesso ao continente asiático e ao resto do mundo. Ou seja, sua localização geográfica, permite a redução de custos de transporte. Tudo o que o produtor brasileiro e mato-grossense esperam.

A qualidade das terras já é conhecida desde a muito tempo e tida como apta a agricultura, inclusive exigindo menores quantidades de fertilizantes e defensivos. Claro, que iniciar uma safra agrícola em Moçambique ou qualquer outro país africano, significa uma saga maior que os nossos pioneiros de Mato Grosso venceram.

Por outro lado, quando vemos agora no século 21, descedentes de nossos ancestrais vivendo em situação de miserabilidade, onde em algumas regiões rurais africanas, trabalhadores recebem o equivalente a um dólar por semana de trabalho, dá uma vontade danada de vermos produtores rurais de Mato Grosso trilhando os caminhos africanos para produzir proteinas e ajudar a alimentar toda aquela gente. Além de sentimento humanista, vejo também, oportunidades de negócio para africanos e brasileiros.

Por outro lado, tudo precisa ser feito com cautela. Aqueles que se aveturarem a produzir em Moçambique não serão proprietários, mas arrendatários. É certo também que o arrendamento é de longo prazo e noticiam as autoridades Moçambiquenhas que o seu país vive um clima de paz e democracia e ainda,  que a população está determinada a romper as amarras do atraso e se apresenta como fornecedora de mão-de-obra.

Mesmo acreditando que no curto e médio prazos eventual aumento de produção agrícola na Africa significará pequeno impacto no mercado mundial de commodities, devemos nos lembrar que já fomos o maior produtor mundial de látex e perdemos este posto para a Asia e nos transformamos num grande importador de borracha e seus derivados, inclusive, sendo a nossa agropecuária, grande consumidora de pneus produzidos em países asiáticos.

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