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Importância da cultura da banana

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Foto: Divulgação

A banana (Musa spp.) é uma das frutas mais consumidas no mundo, sendo produzida na maioria dos países tropicais. Os maiores produtores mundiais são a Índia, China, Indonésia, Brasil , Equador, Filipinas e Angola.

Por outro lado, o Brasil permanece sendo o maior consumidor de bananas do mundo, com a peculiaridade de que praticamente toda a produção de banana do país é consumida in natura, tendo seu cultivo papel fundamental na fixação da mão-de-obra rural. A banana constitui elemento importante na alimentação de populações de menor renda, não só pelo alto valor nutritivo, mas também pelo baixo custo. Sabe-se que uma única banana supre cerca de um quarto da quantidade de vitamina C recomendada diariamente para crianças. Contém, ainda, vitaminas A e B, muito potássio, pouco sódio e nenhum colesterol.

A bananicultura brasileira apresenta características peculiares que a diferenciam das principais regiões produtoras do mundo, tanto em relação à diversidade climática em que é explorada, quanto ao uso de variedades, à forma de comercialização e às exigências do mercado consumidor. Muitos cultivos apresentam baixos índices de capitalização e nível de tecnologia. Contudo, plantios tecnificados são encontrados em alguns estados, nos quais se observa a utilização de tecnologias geradas no Brasil ou adaptadas de outros países. O baixo potencial de produtividade das variedades, o porte elevado de algumas delas e a presença de doenças e pragas são os principais problemas que afetam a cultura.

De modo geral, é cultivada em pequenas propriedades, sendo de grande importância para a fixação do homem no campo e para a geração de emprego rural, especialmente para as camadas da população com menor grau de qualificação, que dificilmente encontrariam ocupação em outras atividades. A cultura da banana ocupa o segundo lugar em volume de frutas produzidas no Brasil, perdendo apenas para a laranja.

Embora o Brasil figure como um grande produtor e consumidor, a bananicultura nacional ainda padece de sérios problemas nas fases de produção e pós-colheita. Somente na fase de pós-colheita, as perdas podem chegar a 40% da produção. A produção nacional de banana é voltada quase que exclusivamente para o mercado doméstico. Vários fatores contribuíram nesse sentido, destacando-se:

- O tamanho do mercado doméstico e a pouca exigência dos consumidores locais em qualidade, contribuindo para a negligência do setor produtivo, para o baixo nível de qualidade da banana produzida e a sua não-adequação aos padrões de qualidade do mercado internacional;

- Níveis atrativos de preços para o produto no mercado doméstico; · incompatibilidade entre as variedades produzidas no Brasil e as demandadas no mercado externo;

- Desorganização da cadeia produtiva. A produção de banana é distribuída por todas as regiões do país, sendo a região Nordeste a maior produtora, seguida das regiões Sudeste, Norte, Sul e Centro-Oeste.

As condições climáticas das regiões Norte e Nordeste, associadas ao manejo adequado da irrigação, podem proporcionar o desenvolvimento de uma bananicultura com baixa incidência de doenças, oferta regular e boa qualidade dos frutos. As melhores bananas do mundo são produzidas nas zonas mais quentes do globo, especialmente entre os trópicos de Câncer e Capricórnio.

De modo geral, quanto mais próximo da linha do Equador, mais favoráveis são as condições climáticas para o cultivo da banana. As referidas regiões ainda desfrutam da vantagem da localização, que diminui o tempo de viagem e o custo do transporte para o Hemisfério Norte, onde estão localizados os principais países importadores de banana. Na região Norte, embora existam vantagens do clima e da localização, alguns estados vêm enfrentando sérios problemas fitossanitários com essa cultura. As regiões Sul e Sudeste, com maior nível tecnológico e organização dos produtores, estão mais próximas dos países do Hemisfério Sul, que também apresentam um expressivo mercado de banana.

A produção de banana dos estados destas regiões poderiam ser exportadas com um menor custo de transporte para os países vizinhos: Argentina, Uruguai e Paraguai. Embora as regiões Norte e Nordeste apresentem vantagens comparativas para a produção de banana de alto padrão de qualidade, ainda é preciso superar, em grande parte, sua baixa eficiência tanto na produção como no manejo pós-colheita. São vários os problemas que afetam a bananicultura dessas regiões, que se caracteriza pelo baixo nível de tecnificação empregado nos cultivos, baixa produtividade e qualidade de fruto.

As exceções geralmente se localizam nos pólos de fruticultura irrigada, presentes no Nordeste, que, em alguns casos, apresentam melhor produtividade devido ao uso da irrigação, mas deixam muito a desejar em relação ao manejo e tratos culturais dispensados à cultura e ao tratamento pós-colheita. Os principais pólos estão localizados nas regiões Sudeste e Nordeste.

Nas áreas de produção de banana das regiões Norte e Nordeste, existe um grande número de cultivares. No Nordeste o predomínio é das cultivares Prata e Pacovan. A Pacovan destaca-se nos estados do Ceará e Pernambuco. A Prata tem participação expressiva nas duas regiões. As variedades tipo Terra (frutos para cozinhar ou fritar) também são importantes nas duas regiões. As variedades do tipo Cavendish, as mais aceitas no mercado internacional, aos poucos estão sendo plantadas nos perímetros irrigados do Nordeste. O Rio Grande do Norte é o maior produtor de banana Grand Naine, devido à instalação, no vale do Açu, de grandes empresas especializadas na produção de banana voltada para a exportação. São cultivadas ainda nas regiões Norte e Nordeste, em maior ou menor quantidade, as variedades: Prata-anã, Nanica, Nanicão, Maçã, Figo, Pelipita, Ouro, Caru, dentre outras.

Nas regiões Sul e Sudeste, as variedades tipo Cavendish (Nanica e Nanicão) são as mais expressivas, seguidas da cultivar Prata. A cultivar Maçã destaca-se apenas na região Centro-Oeste. Nessa região também têm participação significativa as cultivares Nanica e Nanicão, Prata, Terra e D’Angola.

 

José Luis da Silva Nunes

Engenheiro Agrônomo, Dr. em Fitotecnia

Fonte

BORGES, A.L. et al. A cultura da banana. 3. Edição (revisada e ampliada). Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical. Brasília, DF : Embrapa Informação Tecnológica, 2006. 110 p. (Coleção Plantar, 56).

 

ALMEIDA, C.O. de; SOUZA, J.S.; CORDEIRO, Z.J.M.  Aspectos sócio-econômicos. In: Banana. Produção: aspectos técnicos. CORDEIRO, Z.J.M  (Organizador). Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, 2000. 143p.

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