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Histórico das plantas cítricas

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Foto: Pixabay

As plantas cítricas são das árvores frutíferas mais conhecidas, cultivadas e estudadas no mundo. A maioria das árvores cítricas é nativa da Ásia e com a laranjeira não é diferente, porém a sua região de origem é motivo de controvérsia de vários pesquisadores da área. Determinadas pesquisas afirmam que os cítricos teriam surgidos no leste asiático, onde a primeira descrição sobre os citrus aparece há 2000 a.C. na literatura chinesa, o seu nome científico (Citrus sinensis) se dá justamente pela sua origem. Seu registro foi feito pelo imperador Ta Yu, no qual era uma memória de seus conhecimentos agrícolas de seu tempo.

Da mesma maneira que o seu surgimento a sua trajetória pelo mundo é pouco conhecida, estudos apontam que da Ásia as plantas cítricas foram levadas para o norte da África e de lá para o sul da Europa em meados da Idade Média. Da Europa ela foi introduzida no Brasil, pelos portugueses no início da colonização das terras descobertas em 1500. Nesse momento de sua história a laranja disseminou pelo mundo sofrendo mutações e originando novas variedades. O seu sabor, aroma, cor e o seu tamanho sofreram modificações devidas a citricultura ter ficado nessa época entregue a sua própria sorte, assim essas modificações ocorreram aleatoriamente.

Quando os portugueses trouxeram da Espanha as plantas cítricas tinham como objetivo criar um abastecimento de vitamina C, que era utilizada como antídoto do escorbuto, doença que eliminava as tripulações no período do descobrimento. Sua adaptação foi tão incrível que as confundiam com plantas nativas, essa adaptação produziu uma variedade particular, reconhecida internacionalmente: a laranja Bahia, baiana ou de umbigo, que teria surgido por volta de 1800, em uma árvore de laranja seleta, num pomar do Bairro da Cabula, em Salvador.

Foi a partir a laranja baiana e de sua propagação através de mudas enxertadas que a citricultura tornou-se um ramo da agricultura brasileira. Em meados de 1800, ocorreu um fator fundamental na citricultura mundial, técnicos em citricultura de Riverside, da Califórnia aproveitaram os serviços diplomáticos norte-americanos instalados no Brasil, e receberam três mudas de laranja Bahia. Em virtude da viagem só duas mudas vingaram, mas foram delas que saíram as mudas que se espalharam por todos os Estados Unidos e pelo mundo.

O intercâmbio entre os Estados Unidos e o Brasil justamente por causa da laranja Bahia foi fundamental para o ponto de partida da citricultura nesses dois países. Assumia no início apenas um caráter doméstico, sendo cultivada somente em quintais urbanos e em fazendas para consumo familiar, a produção foi aumentando até que em 1911 ocorre a primeira exportação de laranja para a Argentina. O período preliminar de evolução da citricultura coincide com mudanças fundamentais no Brasil. No período entre 1822 e 1889, foi declarada sua independência e proclamada a república, na economia saiu o açúcar e entrou o café, no trabalho saiu o escravo e entrou o imigrante.

Em meados do século XIX, o café se encaminha para o interior de São Paulo, no seu rastro a laranja foi ocupando pequenos espaços rurais em Taubaté, Jacareí, São Paulo, Bragança, Sorocaba, Campinas, Piracicaba e Limeira. Nas primeiras duas décadas do século o cultivo da laranja atingiu grande área do Estado de São Paulo. O Rio de Janeiro era o centro político e econômico do país, e nele ocorreu o início do cultivo da laranja face à adaptação ocorrida na região de Itaboraí, como razões edafoclimáticas e econômicas favoráveis.

 

José Luis da Silva Nunes

Engenheiro Agrônomo, Dr. em Fitotecnia

Fonte

FERNANDES, B.C. Desenvolvimento histórico da citricultura. Trabalho apresentado ao Curso de Graduação em Ciências Econômicas da Universidade Estadual Paulista. UNESP, 2010. 43 p.

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