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Salário mínimo e como nos governam (II)


Argemiro Luís Brum

A defasagem salarial dos brasileiros, em relação a inflação, portanto, é estrutural, agravada pela recente sequência de governos incompetentes na condução da economia. Trata-se de como quem nos governa administra o país ao longo de nossa história recente. Somos um país rico com uma população, em sua grande maioria, pobre. E parte da explicação, a esse grave problema, está em nosso fraquíssimo crescimento econômico, boa parte inerente à má administração pública. Comecemos pela tributação.

É sabido que neste país se paga muito imposto, sem o correspondente retorno dos mesmos em serviços públicos de qualidade. Recente estudo da OCDE mostra que a carga tributária brasileira cresceu para 33,9% do PIB nacional em 2021, o maior patamar em pelo menos 12 anos. Junto às empresas, o Brasil é o segundo país que mais cobra imposto. Na média, as empresas pagam uma alíquota de 34% de imposto, considerando todos os tributos, sendo este percentual 70% superior à média mundial e somente um ponto percentual menor do que o maior cobrador de impostos, que é Malta. Entre 111 países pesquisados, a taxa média é de 20%. Na América Latina e Caribe, em 2021, o Brasil ficou com o segundo lugar na proporção de imposto em relação ao PIB, com 33,1%, abaixo apenas de Cuba, que cobra 42%. Tal realidade encarece os produtos nacionais, elevando a inflação interna; desestimula os investimentos e abre as portas do país para a ilegalidade, gerando maior margem de lucro ao mercado ilegal e impulsiona o contrabando.

Os impostos sobre mercadorias brasileiras chegam a ser até cinco vezes o valor do tributo cobrado nos mesmos produtos em outros países, em especial os que fazem fronteira conosco. E os governos, caso também do atual, buscam aliviar essa situação injetando “doses de bondades”, geralmente em véspera de eleições. A redução do IPI e a retirada momentânea do Imposto de Importação entra neste cálculo. Na prática, isso não passa de paliativo imediato. Tais medidas geram problemas fiscais ainda mais profundos logo adiante, com forte potencial inflacionário. Nossa história é rica neste sentido. Somente no atual governo federal, tais medidas já deixam um “prego” de R$ 82 bilhões para o próximo presidente eleito. E esta conta ainda vai aumentar até o final do ano, na medida em que as eleições se aproximem. (segue)

 

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