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Adubação nitrogenada na soja


Amélio Dall’Agnol

O produtor rural tem dúvidas e muitos técnicos de campo que o orientam, também. O problema consiste em saber da conveniência de adubar a soja com nitrogênio mineral (N), quando a semente é inoculada com bactérias (Bradhirizobium) capazes de fixar o nitrogênio diretamente do ar atmosférico e disponibiliza-lo às plantas de soja a custo irrelevante. Dos gases que compõem a nossa atmosfera, 78% é N.

Resultados de pesquisa realizados pela Embrapa, Universidades e outras instituições de pesquisa, indicam não ser necessário adicionar o fertilizante nitrogenado na adubação da soja, quando suas sementes forem corretamente inoculadas com as bactérias fixadoras de N, presentes no inoculante. Mesmo assim, técnicos e produtores insistem na dúvida sobre a conveniência de se adicionar uma pequena dose de adubo nitrogenado “só para dar aquele arranque inicial”. 

Não, caro produtor, não vale a pena. O crescimento mais vigoroso da soja nos seus primeiros estágios de desenvolvimento, observado quando se aplica N mineral na semeadura, desaparece quando as bactérias do inoculante começarem a operar, o que ocorre cerca de 15 dias após a semeadura. A bem da verdade, os fertilizantes oferecidos pela indústria já vêm com pequenas quantidades de N (2 a 4%), que ajudam no arranque inicial das plantas, não inibem a ação das bactérias fixadoras de N e essa pequena dose não é cobrada do produtor. Neste caso, tudo bem. Compre a formulação do fertilizante com um pouco de N, porque ele não encarece a formulação oferecida pela indústria. Pode, até, ser mais caro exigir uma fórmula de fertilizante com zero de N, do que a formula com pequena quantidade de N.

O N mineral é um fertilizante caro e se não adiciona ganhos de produtividade à cultura da soja, é prejuízo para o produtor. Estima-se que o Brasil economizaria cerca de R$ 20 bilhões ao dispensar completamente o uso do N mineral na adubação dos seus cerca de 38 milhões de hectares de soja, considerando os custos do fertilizante, os custos operacionais para aplicá-lo no plantio ou em cobertura, além dos benefícios que a sua não utilização proporcionaria ao meio ambiente, reduzindo a contaminação das águas com nitrato e a emissão de óxido nitroso na atmosfera, um dos gases causadores do efeito estufa. 

Contrastando os argumentos de quem acredita ser recomendável acrescentar N mineral ao normalmente fixado pelas bactérias - porque este seria insuficiente para que produtividades maiores do que a atual média nacional de cerca de 3.350 kg/ha sejam alcançadas - pesquisas realizadas para avaliar essa possibilidade, indicaram que a fixação biológica é suficiente para fornecer o N necessário para produtividades superiores a 4,5 t/ha. 

Se a adição de N mineral na adubação da soja não aumenta a produtividade, quem ganha é o vendedor do fertilizante, não o produtor. Pense nisso no próximo plantio, mas certifique-se de que utilizou inoculantes dentro do prazo de validade, que a inoculação foi bem feita e que os inoculantes não foram expostos a temperaturas elevadas e armazenados por longos períodos e em ambientes inapropriados. 

Vamos usar a natureza em nosso favor, para lucrar mais em termos financeiros e ambientais.

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