Como controlar pulgões e afídeos no trigo?
Leia sobre as características e o controle dos pulgões no trigo.

Várias espécies de afídeos e pulgões podem ser encontrados no trigo, sendo as mais comuns o pulgão-do-colmo-do-trigo, pulgão-da-aveia, pulgão-verde-dos-cereais, pulgão-da-folha-do-trigo, pulgão-da-espiga-do-trigo e pulgão-preto-dos-cereais.
Devido à alta prolificidade e ao ciclo biológico curto (podem completar uma geração por semana), o pulgão se desenvolve rapidamente em condições favoráveis, criando numerosas colônias. Os afídeos desenvolvem-se e multiplicam-se em temperaturas amenas (entre 20 e 22ºC) e em períodos de estiagem. Quando o clima é frio, o seu ciclo de vida é prolongado e a multiplicação é reduzida.
Estes insetos são pequenos, com o corpo mole e piriforme, possuem um hábito picador-sugador, antenas longas e uma pequena cauda, e causam danos através da sucção da seiva, prejudicando diretamente a produção de grãos e poder germinativo das sementes, além de poder transmitir vírus patogênicos que também causam diversos prejuízos para as plantas, como o Vírus do Nanismo Amarelo dos Cereais, que pode diminuir em até 60% o rendimento de grãos da cultura. Surgem sintomas como o nanismo das plantas e folhas com cor amarelo-intenso e bordas roxas, mais curtas e eretas. Os danos ocorrem desde o início do ciclo da cultura, passando pela emergência, e conforme a planta se desenvolve, os insetos vão se estabelecendo no colmo e nas folhas mais baixas.
Devido a ação dos agentes de controle biológico, geralmente os pulgões não atingem níveis populacionais que resultem em danos significativos. Porém, devido à transmissão do vírus BYDV, a redução média do rendimento de grãos é de cerca de 20% caso não seja feito nenhum controle químico. Caso a transmissão ocorra no início do desenvolvimento, podem ocorrer perdas de 40% a 50%, podendo chegar a 80% no caso de cultivares suscetíveis.
Dentre as diversas espécies, o S. graminum (pulgão-verde-dos-cereais) é o que possui maior potencial de danos. Nos locais picados por este inseto, surgem manchas cloróticas que posteriormente podem virar necrose, causando o secamento das folhas e morte das plântulas.
Schizaphis graminum (pulgão-verde-dos-cereais)
Schizaphis graminum (pulgão-verde-dos-cereais)
Como controlar pulgões e afídeos no trigo?
Antes de se realizar um controle de pulgões no trigo, é necessário definir se realmente é necessário fazer o controle. Para isso, realiza-se o monitoramento. Observe a tabela abaixo:
Espécie | Monitoramento* | Tomada de decisão (média) |
Pulgão-verde-dos-cereais (Schizaphis graminum), Pulgão-do-colmo (Rhopalosiphum padi) | Contagem direta (emergência ao afilhamento) | 10% de plantas infestadas |
Pulgão-da-folha (Metopolophium dirhodum) | Contagem direta (elongação ao emborrachamento) | Média de 10 pulgões / afilho |
Pulgão-da-espiga (Sitobion avenae) | Contagem direta (espigamento ao grão em massa) | Média de 10 pulgões / espiga. |
*Mínimo de 10 pontos amostrais por talhão.
O nível de infestação deve ser avaliado com inspeções semanais na lavoura, retirando amostras em locais aleatórios, na bordadura e interior das lavouras, proporcionando um resultado médio representativo da densidade de pulgões.
Controle biológico do pulgão no trigo
Em 1978, a Embrapa Trigo iniciou um programa de controle biológico para estas pragas no trigo, introduzindo 14 espécies de micro himenópteros parasitoides e duas espécies de joaninhas predadoras no país. Também foi feita uma conscientização de técnicos e produtores para adotar as práticas de manejo integrado para os pulgões. Tais fatos resultaram em um ambiente equilibrado e, atualmente, os inseticidas são usados como medida emergencial.
Os pulgões podem servir de alimento para diversos predadores, parasitoides e patógenos. Dentre os predadores temos as joaninhas larvas e adultas (Coleoptera, Coccinellidae), larvas de moscas (Diptera, Syrphidae) e larvas e adultos de crisopídeos (Neuroptera, Chrysopidae).
Quanto aos fungos, espécies das ordens Entomophtorales (Conidiobolus obscurus, Entomophtora planchoniana, E. neoaphis, E. sphaerosperma e Zoophthora radicans) são os principais patógenos dos pulgões que atacam o trigo. Estes fungos são favorecidos por temperaturas e umidade relativa do ar elevadas.
Dentre os parasitoides, podemos citar as microvespas (Hymenoptera, Aphidiidae e Aphelinidae), que possuem cerca de 2 mm de comprimento, e colocam ovos dentro dos corpos dos pulgões, eclodindo larvas que se alimentarão do inseto.
Controle químico do pulgão no trigo - quais produtos utilizar?
Quando necessário, a pulverização com inseticidas na parte aérea das plantas possui boa efetividade em controlar os pulgões, bem como o tratamento de sementes para afídeos BYDV. Deve-se dar preferência sempre ao uso de inseticidas com menor efeito tóxico sobre os inimigos naturais, de forma a não eliminar esses organismos benéficos para não resultar em maior infestação de pulgões.
Para ler sobre os produtos químicos que controlam os pulgões, clique no nome da espécie a ser controlada abaixo, e no final da página você pode encontrar os produtos:
- Pulgão verde dos cereais (Schizaphis graminum / Rhapalosiphum graminum)
- Pulgão das folhas (Metopolophium dirhodum)
- Pulgão das folhas (Rhopalosiphum padi)
- Pulgão das espigas (Sitobion avenae)
Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo
Referências:
BORÉM, A.; SCHEEREN, P. L. Trigo: do Plantio à Colheita. [S. l.]: Universidade Federal de Viçosa, 2015.
PIRES, J. L. F.; VARGAS, L.; CUNHA, G. R. da. Trigo no Brasil: bases para produção competitiva e sustentável. [S. l.: s. n.], 2011.
SALVADORI, J. R.; TONET, G. E. L. Manejo Integrado dos Pulgões de Trigo. Embrapa Documentos, Passo Fundo, RS, n. 34, 2001.