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Trigo está mais valorizado do que na mesma época do ano passado

Por sua vez, na Argentina o preço FOB oficial ficou em US$ 245,00/tonelada para entrega em março


Foto: Marcel Oliveira

A cotação do trigo, para o primeiro mês cotado, fechou a quinta-feira (05) em US$ 5,24/bushel, contra US$ 5,29 uma semana antes. A média de fevereiro ficou em US$ 5,49, enquanto a de janeiro havia sido de US$ 5,64/bushel e a de fevereiro do ano passado havia registrado US$ 4,98. Ou seja, o trigo ainda está mais valorizado do que na mesma época do ano passado, porém, recuou bastante em relação à média de janeiro do corrente ano.

Como não poderia deixar de ser, o mercado ficou pressionado pelas consequências do coronavírus mundo afora. Junto a isso, há fraca demanda pelo trigo dos EUA. As vendas líquidas do cereal, para o ano 2019/20, ficaram em 381.800 toneladas na semana encerrada em 20/02 naquele país. Esse volume representa um recuo de 23% sobre a média das quatro semanas anteriores.

O corte do juro básico nos EUA, feito de maneira excepcional pelo seu Banco Central, visando conter as consequências econômicas nefastas provocadas pelo coronavírus, deu um certo alento ao mercado na segunda metade da semana. No entanto, o mesmo não foi significativo.

Na prática, a grande oferta mundial do cereal e a firmeza do dólar no mercado internacional tira competitividade do trigo estadunidense, reduzindo os preços em Chicago.

Por sua vez, na Argentina o preço FOB oficial ficou em US$ 245,00/tonelada para entrega em março. Ora, com a nova desvalorização do Real, este produto chega nos 

moinhos paulistas a R$ 1.325,00/tonelada neste momento, e a R$ 1.240,00 em Curitiba. Portanto, ainda continuam os espaços para o produto de qualidade superior no Brasil aumentar seu valor. 

Neste contexto, a semana fechou com o balcão gaúcho valendo R$ 44,48/saco na média, enquanto os lotes se mantiveram em R$ 51,00/saco. No Paraná, o balcão permaneceu em R$ 50,00, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 60,00 e R$ 63,00/saco nas regiões produtoras. Já em Santa Catarina, o balcão conservou os R$ 46,00/saco, enquanto os lotes, na região de Campos Novos, registraram R$ 54,00.

Neste início de março a comercialização do produto nacional continua reduzida, diante de uma indústria bem abastecida. A forte desvalorização do Real não estimula os negócios, pois torna o produto importado ainda mais caro. Além disso, já não há muito trigo disponível no Brasil e também nos principais parceiros do Mercosul. Na Argentina, por exemplo, das 12 milhões de toneladas disponíveis para exportação, mais de 95% já estaria vendido.

Este quadro deve manter os preços internos do trigo de qualidade superior em alta, mesmo com o fato do governo argentino ter liberado os registros de exportação no final desta semana, mantendo a taxa de exportação para o trigo em 12%.

A questão é que ainda em março (mais tardar no início de abril) os moinhos nacionais deverão acelerar suas compras para repor estoques, fato que deve pressionar para cima os preços do cereal até a entrada da nova safra, em setembro próximo via o Paraná. Especialmente se o câmbio no Brasil se mantiver nos atuais níveis, os quais estão completamente fora da realidade da paridade de poder de compra em relação ao dólar estadunidense.  

Neste último caso, o cálculo da paridade, levando-se me consideração o período de janeiro de 2009 até fevereiro de 2020, mostra que o Real estaria em cotação normal ao redor de R$ 3,70 por dólar (já incluindo as disfunções políticas inerentes ao Brasil). 

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