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A balança comercial e o câmbio


Argemiro Luís Brum

Um dos motivos de o câmbio, no Brasil, estar comportado, dentro da paridade de poder de compra, entre R$ 4,80 e R$ 5,00 há alguns meses, está nos importantes saldos positivos da balança comercial do país. Quanto mais dólares entrar no país, em relação às saídas, mais pressão ocorre para que o Real se mantenha relativamente valorizado. Obviamente, este não é o principal elemento que vem sustentando nosso câmbio, mas auxilia bastante. Neste sentido, em 2023 o saldo de nossa balança comercial bateu novo recorde histórico, atingindo a US$ 98,8 bilhões. Um resultado que foi cerca do dobro dos investimentos externos diretos feitos no mesmo ano no Brasil. O resultado comercial se deu em função de US$ 339,67 bilhões em exportações (+1,7% sobre 2022) e US$ 240,83 bilhões em importações (-11,7%). O saldo final foi bem acima do esperado pelo mercado, que era de US$ 81,3 bilhões (cf. Boletim Focus). O resultado se deu não pelos preços, os quais até recuaram em termos médios (-6,3%), mas pelo aumento de 8,7% no volume geral exportado. Como já é característico, foram os produtos primários, especialmente oriundos do agronegócio, que sustentaram esta performance, já que o Brasil encontra dificuldades históricas para se destacar nas vendas externas de produtos industrializados e de serviços. E as primeiras semanas de 2024 continuaram neste ritmo. Nos primeiros dois meses do corrente ano o saldo comercial brasileiro atingiu a US$ 11,94 bilhões, contra apenas US$ 4,85 bilhões no mesmo período do ao passado. Enquanto as exportações cresceram 17,4% nos dois primeiros meses do ano, as importações aumentaram apenas 1%. Do total exportado de US$ 50,51 bilhões no período, a agropecuária participou com US$ 9,13 bilhões, a indústria extrativa, onde entra o petróleo, com US$ 14,01 bilhões, e a indústria de transformação com US$ 27,14 bilhões. Lembrando que o forte das vendas do setor primário se inicia a partir deste mês de março. Dentre os principais parceiros comerciais do país, a Argentina reduziu suas compras em 28%, na esteira da enorme crise em que vive. Os EUA aumentaram em 19,4% suas importações de produtos brasileiros em 2024. Já a China, Hong Kong e Macau, somados, aumentaram em 46,6% suas compras, atingindo a US$ 14,93 bilhões. Enfim, a União Europeia reduziu 6,2% suas importações do Brasil no período.

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