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PIB DE 2021: alguns comentários


Argemiro Luís Brum

O PIB oficial do Brasil, em 2021, ficou em 4,6%. O que isso significa? Primeiro: ele apenas recupera, com sobra mínima, o tombo de -3,9% ocorrido em 2020. Segundo: o crescimento de apenas 0,1%, nos nove últimos meses de 2021, indica uma clara perda de fôlego na recuperação. Terceiro: na média dos dois últimos anos nosso PIB ficou apenas um pouco superior a 0,5% de crescimento, o que indica que ainda não recuperamos o desastre da grande recessão de 2015 e 2016. Ou seja, apenas voltamos ao ritmo medíocre (pouco mais de 1% anual) que iniciamos a ter a partir de então. Quarto: três pontos merecem atenção nesse atual PIB - 1) a indústria não consegue avançar, estando ainda 12,3% abaixo do auge obtido em 2013; 2) o investimento, que é um balizador do crescimento futuro, deu um salto de 17,2% sobre 2020, indicando importante recuperação, sendo o melhor desde 2015, fato positivo desde que tenha sustentabilidade na sequência; 3) o empobrecimento médio da população brasileira continuou, com a renda média per capita crescendo 3,9% no ano passado, após recuar 4,6% em 2020. Isso explica o recorde de endividamento no país, o maior dos últimos 12 anos. Em fevereiro passado tínhamos 76,6% das famílias brasileiras endividadas, com 27% registrando alguma inadimplência, sendo essa a mais elevada desde março de 2010. Quinto: o resultado não é suficiente para 2022. Especialmente devido a continuidade da pandemia, embora mais controlada; à elevação dos juros para combater a disparada inflacionária que temos; às eleições presidenciais do final do ano; à falta de combate efetivo ao déficit público crescente; e, agora, à guerra entre Rússia e Ucrânia que desestrutura o comércio internacional e, novamente, as cadeias produtivas. Sexto: isso, e mais outros elementos internos, nos leva a manter a projeção de um PIB, em 2022, entre -0,5% e +0,5%, sendo que a mediana do mercado está em 0,3%. Ou seja, um novo e severo tombo que impede a geração de empregos remuneradores e a melhoria da capacidade de consumo da população. Sétimo: se confirma os alertas de alguns anos, ou seja, a saída da crise econômica em que nos colocamos, a partir de 2015/16, será longa e penosa, potencializada, além da pandemia e do conflito no Leste Europeu, pelas seguidas secas e intempéries no país. 

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