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Guinada à Direita na Argentina: VEM DOLARIZAÇÃO POR AÍ?

A proposta de Javier Milei inclui acabar com as 'rentenciones' em até 2 anos


Foto: Divulgação

O grande - e inesperado - vencedor das eleições presidenciais primárias na Argentina é o economista, professor, escritor e deputado argentino Javier Milei, líder da coalizão política “A Liberdade Avança”. Classificado como político de Direita e anti-sistema, o candidato propõe dolarizar a economia e fechar o Banco Central argentino para dar resposta à crise econômica sem precedentes que provocou uma inflação de mais de 100% anuais. 

Situado no mesmo campo político de Jair Bolsonaro e Donald Trump, Javier Milei conquistou o voto dos indignados com os partidos tradicionais, nomeadamente os eleitores mais jovens e do interior do país. O resultado que emergiu das urnas argentinas no domingo, 13 de Agosto de 2023, é o mais forte ‘termômetro’ para as eleições presidenciais de 22 de outubro.

Tudo indica que chegou ao fim o “Kirchnerismo”, representado pelo presidente Alberto Fernández e sua vice, Cristina Kirchner – cuja legenda ficou no constrangedor terceiro lugar. Isso representa também um melancólico final para o Peronismo, uma ideologia política criada pelo populista militar Juan Domingo Perón para centralizar o poder no Estado e entregar assistencialismo.

O resultado das eleições presidenciais primárias na Argentina está sendo considerado um verdadeiro “terremoto”. O partido fundado por Milei obteve 30,1% dos votos, venceu em 16 províncias e prevaleceu tanto nos bairros populares quanto nas cidades prósperas vinculadas ao agronegócio da Argentina. Logo na estreia, o “Liberdade Avança” conquistou as províncias de Santa Fe, Córdoba, Mendoza, Misiones, La Rioja ou Tucumán.

“Quero uma Argentina liberal. Somos os únicos que apresentaram propostas concretas. Estamos diante do fim do modelo de castas. Hoje nos levantamos para dizer basta ao modelo da decadência. Hoje demos o primeiro passo para a reconstrução da Argentina. Hoje somos a força com mais votos, porque somos a verdadeira oposição. Uma Argentina diferente é impossível com a mesma de sempre. Somos os únicos em condições de levar a Argentina adiante”, discursou após a confirmação da vitória.

E O AGRO, COMO FICA?

Há cerca de um mês, Javier Milei apresentou sua proposta de governo para o agronegócio durante a feita Expo Rural 2023: “Acreditamos que o campo argentino é o melhor campo do mundo e vamos trabalhar para restaurar a rentabilidade e vitalidade que foram tiradas de nos últimos anos, quando ‘sugaram seu sangue’”.

Milei afirmou na ocasião que pode demorar até dois anos para eliminar totalmente as ‘retenções’ – como são chamados os impostos que os produtores rurais argentinos pagam para poder exportar. “Na transição, desde o início até a eliminação dos estoques e o Banco Central, vai levar entre 9 e 24 meses. O setor não pode ficar no limbo, na transição é levado como crédito para o imposto sobre o Lucro”, explicou.

Sobre a dolarização, o mais forte candidato à presidência da Argentina afirmou que “a moeda é escolhida por cada um, e no campo pode ser a soja”. Ele citou os casos de Equador e El Salvador, que tinham “condições semelhantes às nossas”, e onde a dolarização foi feita “com base nas necessidades do povo”. Mas uma garantia Milei apresentou: “Entre 9 e 24 meses esse problema acaba”.

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