Abrapa participa de encontro internacional de pesquisadores de algodão na Argentina
Evento internacional debateu produção e sustentabilidade do algodão na América Latina

Com o objetivo de desenvolver uma agenda de trabalho conjunta entre os países produtores de algodão, o ICAC International Cotton Advisory Committee, através da Rede Latino-Americana de Pesquisa e Desenvolvimento do algodão (Alida) e em parceria com o Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária da Argentina (INTA), realizou, de 9 a 11 de setembro, o XV Encontro Regional de Pesquisadores de algodão da América Latina e Caribe. O evento ocorreu na Estação Experimental Agropecuária de Reconquista, na Argentina, e teve a participação do diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de algodão (Abrapa), Marcio Portocarrero, e de representantes do setor algodoeiro de nove países incluindo Paraguai, Peru, Colômbia, Bolívia, Equador, México e Chile.
Desde 1986, o ICAC apoia a organização da Alida e promove edições do encontro a cada dois anos. Em 2025, o tema central foi “Horizontes produtivos do algodão na América Latina e Caribe”. Foram três dias de palestras e atividades voltadas ao fortalecimento da cadeia produtiva da região, por meio da colaboração e do intercâmbio de conhecimentos entre os participantes.
O algodão na América Latina
O cultivo de algodão na América Latina é uma prática tradicional da região, que impulsiona a economia e conecta comunidades as suas culturas ancestrais.
O Brasil, que é líder regional de produção, nos últimos anos se tornou uma referência atual em termos de rastreabilidade, de sustentabilidade e qualidade. A Argentina e o Paraguai são outros grandes produtores do continente, que tendem a ampliar a área plantada com a pluma nos próximos anos. O Peru ganhou notoriedade durante o encontro pelo cultivo do algodão Pima, que apesar de ser produzido em pequena quantidade, tem um alto valor agregado e conquistou mercados internacionais de nicho.
Nos demais países, como o Equador e a Bolívia, a cotonicultura é desenvolvida por comunidades indígenas e pequenos agricultores, não tendo grandes produções voltadas à exportação, mas ao uso tradicional e consumo interno, portanto não tendem ao aumento expressivo da produção.
Apesar das diferenças, os países participantes enfrentam problemas em comum, como a estagnação da demanda mundial a falta de tecnologias disponíveis para a melhoria da qualidade e o controle de pragas. Fatores que também foram pautas do evento por elevarem os custos de produção e diminuírem a margem de lucro dos produtores.
Organização e valor agregado do algodão brasileiro
Na primeira apresentação, detalhou o modelo associativo da Abrapa, que reúne 11 associações estaduais responsáveis por 99% da produção nacional de algodão. “Enquanto associação, a Abrapa assume o papel de elevar os padrões da cadeia produtiva brasileira, oferecendo às filiadas programas de rastreabilidade, qualidade e sustentabilidade. Esses três pilares, em conjunto, ajudaram o país a alcançar o patamar de maior exportador global de algodão”, destacou.
Na segunda fala, o diretor apresentou os avanços em rastreabilidade, qualidade da fibra e comercialização da pluma brasileira. Ele explicou que os programas da Abrapa garantem transparência sobre a origem e a qualidade do algodão, desde a fazenda até o consumidor final.
Segundo Portocarrero, “ao longo dos anos, o sistema de rastreabilidade foi ampliado com informações socioambientais, sistemas de georreferenciamento e certificações”. Ele também mencionou o movimento Sou de Algodão e o programa Cotton Brazil, ressaltando a importância de cada iniciativa na promoção da fibra brasileira. “Em 2016, nasceu o movimento Sou de Algodão, que fortaleceu o mercado interno e uniu milhares de marcas em prol da fibra natural e sustentável. Para ampliar a presença internacional, especialmente na Ásia, o programa Cotton Brazil foi fundamental para consolidar o país na liderança das exportações globais”, afirmou.
Portocarrero reforçou ainda que o grande objetivo atual da Abrapa é assegurar excelência e padronização da qualidade da pluma brasileira, de modo a fidelizar clientes e expandir mercados.
Bandeira global
Além da produção, beneficiamento e comercialização da fibra, o encontro abordou o combate ao avanço das fibras sintéticas em detrimento das naturais no setor têxtil. Houve consenso sobre a necessidade de ações conjuntas, inclusive com produtores australianos e americanos, para conscientizar sobre os impactos ambientais e à saúde dos derivados de petróleo.
Resultados do encontro
O encontro promovido pelo ICAC, INTA e Alida reuniu pesquisadores e técnicos da cadeia do algodão latino-americano para trocar experiências e gerar conhecimentos que contribuam para o crescimento sustentável da produção e da área cultivada na região, além de abrir novas oportunidades de desenvolvimento.