Embrapa e México ampliam parceria em pesquisa agropecuária
Foram discutidas possibilidades de ampliar experiências entre as duas instituições

Entre os dias 9 e 12 de setembro, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, esteve no México e participou de agendas com representações técnico-científicas ligadas ao agro, com o objetivo de reforçar o interesse em novas parcerias e intercâmbio de conhecimento e ampliar o alcance da visibilidade da pesquisa brasileira, considerada referência em áreas estratégicas do setor.
Acompanhada da assessora da Presidência, Sibelle Andrade, e do chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Trigo, Giovani Fae, visitou o Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo (CIMMYT), na cidade de Texcoco, e nos dias 11 e 12, participou como palestrante do Forum Global Agroalimentar (FGA), promovido pelo Conselho Nacional Agropecuário do México, em Chihuahua.
“Sem dúvida foi uma programação muito produtiva, em torno da ciência agrícola tropical, sistemas alimentares sustentáveis e tecnologias resilientes ao clima”, disse a presidente. No evento, a representação diplomática coube à adida agrícola Adriane Cruvinel e ao chefe econômico financeiro, Leonardo Wester, e a parte técnica com moderação do diretor de Transformação (CTO), AJ Poncin, e do articulador do CIMMYT para o Brasil, Diego Pequeno.
Para a presidente, o encontro com a instituição de pesquisa mexicana, representa a ampliação do alcance dos impacto da parceria entre Embrapa e CIMMYT. “O potencial de ganhos nas áreas de genética, fitopatologia, qualidade de grãos e sistemas sustentáveis pode resultar na assinatura de um Memorando de Entendimento ainda este ano”, anunciou ela, referindo-se ao alinhamento de estratégias de proteção variedades vegetais, prospecção de financiamento internacional e coordenação de contribuições para a COP 30.
Além dos encontros técnicos, foram realizadas visitas a campo e laboratórios, ao Banco Genético, viveiros internacionais de trigo e logística de sementes, estufas destinadas à triagem de doenças e plataforma de fenotipagem de giberela (FHB), com demonstrações em ambiente controlado e em área experimental.
Houve ainda reuniões para discussão sobre cooperações em Sistemas Agroalimentares Sustentáveis e desdobramentos das parcerias entre as instituições, envolvendo termos de memorando de entendimento, estratégias de proteção de variedades de trigo, oportunidades de financiamento e COP 30. Toda a programação foi acompanhada pela representação brasileira no México, como apoio e suporte em instrumentos jurídicos e institucional.
Ainda como resultado da visita, foram discutidas novas possibilidades de ampliar experiências entre as duas instituições, por meio de intercâmbio de pesquisadores e presença da Embrapa no México, em estrutura similar ao Labex.
Resistência à brusone
De acordo com o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Trigo, Giovani Fae, outra possibilidade para a pesquisa com a parceria com o CIMMYT é a busca por avanços significativos em resistência à brusone, principal doença do trigo tropical. “Por meio de estratégias modernas de melhoramento com fenotipagem e genotipagem, pretendemos identificar mais genes para trazer resistência, além de explorar as áreas de Cerrado com um ambiente favorável, com a produção de um trigo de altíssima qualidade”, disse. “Com isso será possível autossuficiência brasileira e ainda produzir um alimento para vários países do mundo e a partir daí buscar sustentabilidade”, conclui, ressaltando a importância do projeto tanto para a Embrapa quanto para o CIMMYT.
Agenda diplomática
Ainda na programação da presidente no México, ela se reuniu com o embaixador do Brasil, Nedilson Ricardo Jorge, na residência oficial, com a presença da adida agrícola, Adriane Cruvinel, o chefe econômico e financeiro da embaixada, Leonardo Wester, e a assessora, Sibelle Andrade. Na pauta, os avanços e inovações da Embrapa, com destaque para o projeto Semear Digital, as oportunidades de intercâmbio de pesquisadores entre Brasil e México, e a iniciativa inédita de envio de materiais da Embrapa para pesquisas em Marte.
Além disso, entre os assuntos do encontro estiveram as contribuições das tecnologias desenvolvidas pela Embrapa para o aumento da produtividade agrícola brasileira sem expansão da área cultivada e sem desmatamento, reforçando o papel estratégico da Empresa na construção de soluções sustentáveis. Nesse contexto, destacou-se a importância de reforçar durante a COP30 em Belém o papel da agricultura como parte da solução climática.
Fórum Agroalimentar
A presidente participou ainda do Fórum Global Agroalimentar (FGA), promovido pelo Conselho Nacional Agropecuário do México, na cidade de Chihuahua, com a presença lideranças do agro, especialistas e representantes institucionais. O ocorreu nos dias 11 e 12 de setembro, com tema central O futuro da alimentação.
Siilvia falou sobre a pesquisa e a inovação da Embrapa para sistemas agroalimentares, no mesmo painel em que estiveram presentes Keith Currie (Canadian Federation of Agriculture), Niels Peter Norring (Danish Agriculture and Food Council) e Sylvanus Odjo (CIMMYT). Entre as principais estratégicas e resultados da pesquisa da Empresa, Silvia apresentou o portfólio de bioeconomia e biotecnologia, bioinsumos (BiomaPhos e Auras), políticas públicas e gestão de risco climático, Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), além das estratégias de agricultura de baixo carbono.
Além disso, foram abordados projetos de inteligência artificial (IA) e inclusão produtiva, no qual os destaques foi o ecossistema de inovação nacional do agro, como o Radar Agtech Brasil. “Foi uma oportunidade única para reforçar a imagem da Embrapa como referência em soluções climáticas e digitais para sistemas alimentares resilientes”, concluiu ela, ressaltando o fortalecimento da articulação técnico-diplomática, no cenário de alinhamento das áreas, abrindo possibilidades de novas parcerias e projeção internacional da ciência tropical brasileira.
Encontros estratégicos
À parte da programação do evento, Silvia se reuniu com o secretário de Agricultura do México, Júlio A. Berdegué Sacristán, com o presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Florestais, Agrícolas e Pecuárias (Inifap), Miguel Garcia Winder, para discutir possibilidades de cooperação entre os dois países. Entre os principais interesses pelo lado mexicano, estão milho, feijão e arroz, lácteos, agricultura digital e big data, eficiência em irrigação, adaptação climática.
Também foi discutida a possibilidade de indicação de representantes da Embrapa para participação em ações piloto de projetos, com intercâmbio de pessoal e transferência de tecnologia a produtores rurais. O Inifap também demonstrou interesse na promoção de articulações com o ProciNorte e Procisur, para posicionamento do bloco e busca conjunta por financiamento, e em inteligência estratégica e métricas, principalmente a adoção/adaptação de metodologia de avaliação de impacto (econômico, social e ambiental) para embasar políticas e programas de maneira ampla, a exemplo que a Embrapa utiliza em seu Balanço Social.