Potencial do hidrogênio verde para setor de fertilizantes é destaque na Expointer
Empresas contempladas apresentaram projetos sustentáveis

O quarto dia de debates do painel Diálogos Energia e Futuro, nesta quinta-feira (4/9), abordou o potencial do hidrogênio verde na cadeia produtiva de fertilizantes. A atividade reuniu três empresas gaúchas aprovadas no edital de R$ 102,4 milhões, lançado em junho pelo Governo do Estado, e que prevê subvenção econômica a projetos estratégicos de transição energética.
Participaram representantes da Renobrax, BeGreen Bionergia e Infravix Engenharia, que compartilharam suas experiências e os projetos que estão sendo viabilizados. Promovido pela Casa Civil e Secretaria de Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), o evento tem o objetivo de fomentar discussões sobre o futuro da matriz energética do Rio Grande do Sul sob o olhar de lideranças públicas, empresariais e acadêmicas.
O hidrogênio verde tem papel importante para a produção de uma nova opção de fertilizantes, em que a energia fóssil passa a ser substituída por fontes renováveis na produção de amônia, que é a base dos nitrogenados. A geração do H2V, através da eletrólise da água usando energia limpa, permite a criação de um fertilizante mais sustentável e sem emissão de carbono, o que pode promover a autonomia do Brasil na produção dos insumos agrícolas e reduzir a sua dependência de importações.
Projetos apresentados
O diretor-executivo da Renobrax, Stevan Silveira, destacou que o projeto da empresa prevê a instalação de uma unidade, no Vale do Taquari, com produção inicial de 2 mil toneladas/ano de amônia verde. A iniciativa busca viabilizar o uso de hidrogênio verde como alternativa competitiva aos fertilizantes fósseis, descarbonizando a produção de amônia e promovendo soluções agrícolas sustentáveis, com benefícios ambientais, tecnológicos e econômicos.
“O fertilizante a partir do hidrogênio verde ainda não é competitivo frente à amônia cinza. Nosso desafio é buscar nichos de mercado que valorizem o produto sustentável e garantam viabilidade econômica”, afirmou Silveira. Diretor de Operações e Tecnologia da BeGreen Bioenergia, Luiz Paulo Hauth apresentou os projetos da empresa em Passo Fundo, que são desenvolvidos na Universidade de Passo Fundo (UPF).
O projeto tem como foco a descentralização da produção de hidrogênio verde em pequenas unidades. Com previsão de produção de fertilizantes líquidos para atender cerca de 30 mil hectares, o investimento inicial soma R$ 50 milhões. A iniciativa busca integrar agricultores locais e universidades, visando desenvolver cadeias produtivas de grãos, proteína animal e ração de baixo carbono, com foco na exportação de produtos sustentáveis. “Queremos mostrar que é possível produzir proteína de baixo carbono no Rio Grande do Sul, exportando não apenas grãos, mas valor agregado em forma de alimentos sustentáveis”, ressaltou Hauth.
O consultor técnico da Infravix Engenharia, Roberto Zuch, apresentou o projeto de implantação de uma planta industrial em Rio Grande, com capacidade para produzir até 100 mil toneladas/ano de ureia verde. O investimento previsto é de US$ 150 milhões (aproximadamente R$ 850 milhões). A iniciativa prevê a utilização de hidrogênio verde e captura de gás carbônico para geração de amônia e ureia, insumos fundamentais para o agronegócio.
Segundo Zuch, o projeto, nessas proporções previstas, pode suprir até 10% da demanda estadual, reduzindo a dependência de importações e fortalecendo a segurança produtiva do setor agrícola. “Produzir fertilizantes no Estado é fundamental para reduzir nossa dependência externa e fortalecer o agronegócio gaúcho diante das oscilações geopolíticas”, acrescentou.
Futuro sustentável
Os painéis demonstraram que, embora ainda existam desafios de competitividade frente aos fertilizantes fósseis, os projetos apresentados reforçam o potencial do Rio Grande do Sul em liderar a produção de fertilizantes sustentáveis. O investimento em hidrogênio verde amplia e posiciona o Estado como protagonista no processo de transição energética e descarbonização da economia.
O edital lançado pelo governo do Estado também foi apontado pelos participantes como um marco decisivo para viabilizar iniciativas inovadoras no setor. Por se tratar de uma tecnologia em fase de consolidação, os custos de implantação ainda representam um grande desafio às empresas.
Nesta sexta-feira (5/9), o Diálogos Energia e Futuro abordará o uso do hidrogênio verde pela indústria. Começa às 9h, no estande do Governo do Estado na Expointer. A mediação será do presidente da Invest RS, Rafael Prikladnicki.