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Controle da mancha-de-bipolaris será debatido durante Seminário Nacional de Milho Safrinha

Evento tradicional, em sua 18ª edição, reúne especialistas para divulgar resultados d

Foto: Nadia Borges

Epidemias de manchas foliares na cultura do milho, doença causada pelo fungo Bipolaris spp, têm despertado a atenção de profissionais e produtores por limitar o potencial produtivo nos principais estados produtores da segunda safra. Há relatos que os prejuízos na produtividade podem variar de 10% a 80%, sendo que resultados de experimentos conduzidos por pesquisadores demonstram uma forte associação negativa entre a severidade final da doença e a produtividade. “Ou seja, para cada aumento de 1% na severidade da mancha-de-bipolaris no estádio R4 (severidade final), ocorre uma redução média de 0,78% na produtividade. Com base nesse coeficiente, foi estimado danos de produtividade em torno de 8%, 20% e 32% para níveis de severidade de 10%, 25% e 40%”, relata Adriano Custódio, fitopatologista do Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR) do Paraná que desenvolveu o estudo com pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa. A pesquisa que envolveu diversas instituições de forma cooperativa foi publicada em agosto na Revista Cultivar Grandes Culturas.

Segundo ele, os sintomas da doença nas folhas do milho podem variar conforme a raça do patógeno, sendo características pequenas lesões que se alongam, formando retangulares irregulares limitadas pelas nervuras, com exceção das extremidades. “A coloração típica é palha, com bordas marrons. Essas lesões geralmente medem de 20mm a 30mm de comprimento e podem se unir, formando extensas áreas necrosadas”, alerta Custódio, que apresenta palestra sobre o tema na I Reunião Brasileira em Sanidade de Milho durante o XVIII Seminário Nacional de Milho Safrinha, evento que acontece em Londrina-PR de 9 a 11 de setembro de 2025.

Controle da doença se dá por híbridos resistentes e aplicação correta de fungicidas -  Os pesquisadores chamam a atenção dos produtores sobre a decisão de se aplicar fungicidas para o controle do problema. “É fundamental quantificar os danos causados pela doença foliar no agroecossistema de segunda safra para embasar ajustes de manejo que justifiquem o uso rentável de fungicidas. Como os níveis estimados de severidade são frequentemente menos perceptíveis visualmente a campo é sugerido adotar estratégias de aplicação preventiva de fungicidas para tecnicamente justificar o controle da doença”, reforça Custódio.

Ainda segundo ele, embora alguns fungicidas tenham alcançado níveis de controle entre 55% e 65%, a eficácia geral em híbridos suscetíveis permaneceu relativamente baixa. “Isto ressalta a importância de cautela ao se depender exclusivamente de fungicidas para o manejo da doença. Resultados de diversos experimentos conduzidos na rede cooperativa comprovam que as aplicações realizadas ao longo de todo o desenvolvimento da cultura do estágio vegetativo ao reprodutivo foram fundamentais para a manutenção da produtividade”, ressalta.

Como conclusão, Custódio reforça aos produtores a necessidade de monitoramento das lavouras e o uso de híbridos resistentes. “Quando justificada a aplicação antecipada de fungicidas, tal prática deve ser iniciada no estádio V6 ou antes, em V4, mantendo o controle até o final do ciclo da cultura. É essencial conduzir protocolos adicionais de eficácia comparativa entre diferentes ingredientes ativos e níveis de suscetibilidade dos híbridos”, afirma.

Milho

Doença: Mancha-de-bipolaris

Sintomas: lesões necróticas

As lesões na folha são geralmente ovais, alongadas e estreitas, sem bordas bem definidas.

Orientação das lesões:

As lesões tendem a seguir a direção das nervuras das folhas.

Confusão com outras doenças:

É importante diferenciar a mancha-de-bipolaris da cercosporiose e da estria bacteriana, pois os sintomas podem ser semelhantes.

Distribuição:

As lesões geralmente se concentram nas folhas mais velhas, mas podem se espalhar para as mais jovens em casos mais avançados.

Causas e disseminação:

O fungo Bipolaris spp. sobrevive em restos culturais infectados e em grãos.

A disseminação ocorre principalmente por conídios (esporos) transportados pelo vento e respingos de chuva.

Condições de alta umidade e temperaturas entre 22°C e 30°C favorecem o desenvolvimento da doença.

Impacto:

A mancha-de-bipolaris pode levar à redução da área foliar, afetando a fotossíntese e, consequentemente, a formação dos grãos.

Isso pode resultar em perdas significativas na produtividade e na qualidade do grão.

Manejo: cultivares resistentes: utilizar cultivares de milho com resistência ou tolerância à doença.

Práticas culturais: rotação de culturas, manejo adequado da irrigação e espaçamento entre plantas podem ajudar a reduzir a pressão da doença.

Controle químico: em casos de alta severidade, a aplicação de fungicidas registrados pode ser necessária, sempre com orientação de um engenheiro agrônomo.

Monitoramento: é importante monitorar a lavoura regularmente para detectar precocemente a presença da doença.

Rede Nacional de Pesquisa sobre Fitossanidade

Criada durante o IX CBSoja (Congresso Brasileiro de soja) e Mercosoja 2022, realizados em Foz do Iguaçu-PR, a Rede Nacional de Pesquisa sobre Fitossanidade (RFT) trouxe, como proposta em âmbito nacional, otimizar cadeias de colaboração já existentes entre centros de pesquisa públicos e privados para desenvolver estudos sobre pragas, doenças e plantas daninhas nas culturas de soja, milho, algodão, feijão e trigo.

“A RFT é o amadurecimento de diversas iniciativas independentes espalhadas pelo Brasil”, avalia Adriano Paiva Custódio, pesquisador do IDR-Paraná. “Como são trabalhos de características semelhantes, o objetivo é fortalecer as cooperações já existentes e formar uma base para a criação de futuras redes de parcerias”, acrescenta. “Nossa ênfase tem sido principalmente as doenças de plantas nas culturas de soja, milho, trigo e algodão, que se apresentam como importantes lavouras extensivas de produção de grãos e fibras no Brasil. Assim, o nosso propósito é contribuir para o sucesso de agricultores e empresas do agronegócio brasileiro na superação de importantes desafios fitossanitários”, complementa Custódio.

SERVIÇO

XVIII Seminário Nacional de Milho Safrinha

Onde: Parque de Exposições Governador Ney Braga – Londrina-PR

Quando: 09 a 11 de setembro de 2025

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