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Solo - O que é, características, composição, tipos e análise

Leia sobre as definições sobre o solo.



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Definições de solo
      - O que é solo
      - Indicações da qualidade do solo
      - Capacidade de uso do solo
Tipos de solos

      - Argissolos
      - Cambissolos
      - Chernossolos
      - Espodossolos
      - Gleissolos
      - Latossolos
      - Luvissolos
      - Neossolos
      - Nitossolos
      - Organossolos
      - Planossolos
      - Plintossolos
      - Vertissolos
      - Mapa de distribuição de solos no Brasil
Análise de solos

 

DEFINIÇÕES DE SOLO

 

O QUE É SOLO


O solo é um ambiente complexo, formado pelas fases sólida, líquida e gasosa. A fase sólida é formada por substâncias inorgânicas e materiais orgânicos. A fase líquida forma a solução do solo, onde se encontram elementos químicos. A fase gasosa, formada pelos gases que circulam entre as partículas do solo, é resultante de processos bioquímicos, como a respiração de raízes, microrganismos e da macrofauna.

 

O solo é formado por processos de intemperismo e pedogenese:

Intemperismo e pedogênese

Intemperismo desagrega os minerais das rochas, decompondo-os e formando novos minerais. O intemperismo se divide em intemperismo físico e intemperismo químico:

  • Intemperismo físico: transformações mecânicas, fragmentação das rochas e grãos minerais. Ocorrem por variações de temperatura e pressão, que causam a contração e expansção dos grãos, resultando em tensões, descolamento e fragmentação, resultando em grãos desagregados. O mesmo ocorre quando gelo e sais presentes nas fissuras se cristalizam, pressionando as paredes da rocha. No caso do gelo, este último processo é mais comum em regiões de baixas temperaturas. Em relação à cristalização de sais, o processo é mais comum em locais de clima seco e quente, onde a evaporação é maior que a precipitação em períodos significativos, precipitando os sais dissolvidos nas águas nas descontinuidades das rochas.
    As raízes também podem causar a fragmentação das rochas, pressionando a sua estrutura e desagregando-a, assim como acontece em muros, calçadas etc. Por fim, quando as rochas perdem sua cobertura através da erosão, as partes ainda duras perdem o peso sobrejacente, causando fraturas.
    O processo de intemperismo causa a fragmentação das rochas, aumentando a sua área exposta ao meio externo e elementos como a água, que promove o intemperismo químico. Desta forma, o intemperismo físico pode intensificar o intemperismo químico.
  • Intemperismo químico: o intemperismo físico favorece a entrada de água da chuva nas rochas, que em contato com estas, promove reações químicas. A água da chuva é composta de diversas substâncias dissolvidas, e causa diversas reações químicas nas rochas. As principais reações de intemperismo químico que ocorrem nesse caso são:
    • Hidratação: entrada de água na estrutura de um mineral, enfraquecendo este e podendo formar outro mineral distinto.
    • Oxidação: ocorre em minerais que possuam elementos passíveis de oxidação, como por exemplo o ferro. Quando estes elementos entram em contato com o oxigênio da água, estes elementos são oxidados, adquirindo um aspecto de ferrugem.
    • Complexação: compostos orgânicos presentes na água podem reter elementos químicos pouco solúveis, mobilizando-os, e assim removendo elementos que não seriam removidos de outra forma.
    • Hidrólise: mais importante reação de intemperismo em clima tropical. A hidrólise destrói a estrutura do mineral, quebrando ligações químicas entre os elementos, liberando-os na água como cátions e ânions. Se houver bastante água e a topografica for favorável ao movimento, todos os elementos solúveis serão eliminados, e em caso contrário (impedimento à drenagem, em locais mais baixos por exemplo), nem os elementos mais solúveis serão eliminados.

pedogênese é o processo de formação do solo, causado pela degradação e decomposição das rochas, além da junção de fatores físicos, químicos e biológicos. Ocorre quando as modificações do solo são, principalmente, estruturais, reorganizando e transferindo minerais que formam o solo. O material anteriormente intemperizado desempenha importante papel aos ecossistemas, que modificam e movimentam grandes quantidades de material, aerando o solo e renovando sua camada superficial. Além disso, a água desloca componentes minerais ao longo do seu movimento vertical e horizontal no solo, e a alternância do estado de umidade dos materiais pedológicos provoca a expansão e contração destes, resultando em fissuras ou estruturas de agregação. Já os organismos deslocam partículas para abrir novos canais que permitam seu movimento, ou para buscar nutrientes. Formigas, minhocas e cupins, por exemplo, ao se desenvolverem no solo, modificam a cobertura pedológica, transportando partículas, remontando os materiais, recobrindo horizontes superficiais e modificando a estrutura e porosidade do solo, além de incorporar a matéria orgânica.


 

INDICAÇÕES DA QUALIDADE DO SOLO


Os indicadores podem ser visuais, físicos, químicos e biológicos. Os visuais podem ser vistos através de observações diretas, como a exposição do subsolo, mudança de cor do solo, escorrimento superficial, resposta da planta, espécies de plantas daninhas predominantes, entre outras.

Os indicadores físicos estão relacionados ao arranjamento das partículas e do espaço poroso do solo, incluindo densidade, porosidade, estabilidade de agregados, textura, encrostamento superficial, compactação, condutividade hidráulica e capacidade de armazenagem de água disponível. Refletem limitações ao crescimento radicular, à emergência das plântulas, à infiltração e movimento da água no interior do perfil do solo e à disponibilidade de água.

São indicadores químicos, o pH, salinidade, capacidade de troca de cátions (CTC), capacidade de suprimento de nutrientes às plantas, concentrações de elementos que podem ser potencialmente contaminantes (metais pesados, compostos radioativos, etc.) ou necessários para o crescimento e desenvolvimento das plantas.

Entre os indicadores biológicos estão incluídos: a matéria orgânica, a diversidade de espécies, a massa microbiológica, o nível de respiração do solo.

Funções do solo:


a) Sustentar a atividade biológica, diversidade e produtividade;

b) Regular o fluxo de água e solutos;

c) Filtrar e tamponar, degradando, imobilizando e detoxificando resíduos;

d) Armazenar e ciclar nutrientes e outros elementos dentro da biosfera terrestre;

e) Prover o suporte de estruturas socioeconômicas e proteção para tesouros arqueológicos associados com habitações humanas.


O solo tem contato direto com o sistema radicular da planta e serve como suporte mecânico ao vegetal, fornecendo água, oxigênio, energia na forma de calor e nutrientes na forma de íons e substâncias.
 

Assista o vídeo abaixo do canal AgroBrasil onde o engenheiro agrônomo Jonathan Basso explica a CTC do solo:

 

CAPACIDADE DE USO DO SOLO


É um sistema de classificação técnico-interpretativa, originalmente desenvolvida nos Estados Unidos, representa um grupamento qualitativo de tipos de solos sem considerar a localização ou as características econômicas da terra. Por este sistema são definidas classes homogêneas de terra, de acordo com sua máxima capacidade de uso, sem risco de degradação do solo, especialmente no que diz respeito a erosão acelerada.

A classificação de capacidade de uso do solo é baseada em 8 classes, dividida em terras próprias para cultivos anuais e impróprias para cultivos anuais, esta classe ainda se divide em terras para cultivo permanente e de preservação.De acordo com sua adequação as terras apresentam:

1. Terras Próprias para Cultivo anuais - classes I, II, III e IV;

2. Terras Impróprias para Cultivos anuais - classes V, VI, VII e VIII;

As classes I, II e III inclem as terras que estão capacitadas a um regular cultivo, enquanto a classe IV, as que podem ser cultivadas ocasionalmente, isto é, de uma maneira limitada.

As classes V, VI e VII abragem as não adaptadas ao cultivo frequente, a não ser pastagens ou florestas implantadas. A classe VIII é reservada às que não servem para cultivos, pastos ou reflorestamentos, mas que em parte podem ser detinadas à vida selvagem, a recreação, etc.

 

 

TIPOS DE SOLOS

A rigor, não havia um sistema brasileiro de classificação de solos anterior ao atual, publicado em 1999 e recentemente revisado (2004). Na verdade o que se usava para classificar nossos solos eram sistemas referenciais.

O Sistema Brasileiro de Classificação de Solos é uma chave taxonômica de classificação pedológica resultante de uma evolução do sistema americano. Da forma que está estruturado, o sistema permite a classificação de todos os solos do território nacional em seis níveis categóricos diferentes (Ordem, Subordem, Grande Grupo, Subgrupo, Família e Série), correspondendo, cada nível, a um grau de generalização ou detalhe definidos.

A Ordem corresponde o nível mais genérico de classificação e a Série corresponde ao nível mais detalhado e preciso de classificação. O sistema está formado por 13 classes no nível de Ordem (1º nível categórico), sendo elas:
 

 

ARGISSOLOS

Solos com horizonte B textural e argila de atividade baixa, baixa e ocorrência de argila de atividade alta, conjugada com saturação por bases baixa ou com caráter alítico (Figura 1). Conhecidos anteriormente como Podzólico Vermelho-Amarelo, parte das Terras Roxas Estruturadas e similares, Terras Brunas, Podzólico Amarelo, Podzólico Vermelho-Escuro. amplamente distribuídos por todo o território Os Argissolos tendem a ser mais fertéis que os outros solos do Cerrado.

 

 

 Figura 1 - Argissolos (clique na figura para ampliá-la).
 

 

CAMBISSOLOS


Solos com horizonte B incipiente, assim designados anteriormente. situam-se em variados tipos de relevo, desde o suave ondulado até o montanhoso, podendo ou não apresentar pedras em sua superfície (Figura 2). Sua fertilidade natural é muito variável, de baixa a alta. São utilizados principalmente para o plantio de milho, feijão, batatinha, arroz, banana, fumo, soja e trigo, para pastagem e reflorestamento. São solos rasos e bem drenados. Ainda guardam nos seus horizontes vestígios do material de origem. Possuem sequência de horizontes A-Bi-C, onde Bi representa o horizonte B incipiente.

 

 

 Figura 2 - Cambissolos.
 

 

CHERNOSSOLOS


Solos escuros, ricos em bases e carbono (Figura 3). Anteriormente designados por Brunizem, Rendzina, Brunizem Avermelhado, Brunizem Hidromórfico, são constituídos por material mineral com as seguintes características: alta saturação por bases. Possui argila com elevada atividade , este solo apresenta rachaduras. São pouco coloridos, escuros. Horizonte A chernozênico sobrejacente a B textural, B incipiente, um horizonte C cálcico ou C carbonático. São rasos. Bem ou imperfeitamente drenados, ou seja, quando chove pouco, é dito como bem drenado, no entanto, quando chove muito, fica alagado, podendo formar "lagoas". Desde moderadamente ácidos a fortemente alcalinos.

 

 

 Figura 3 - Chernossolos.
 

 

ESPODOSSOLOS

Solos conhecidos anteriormente como Podzóis (Figura 4). Teor orgânico do horizonte A baixo; Acidez elevada; Textura arenosa; Alta lixiviação; Alta drenagem; Baixo acúmulo de matéria orgânica; Presença acima de horizonte E álbico; Horizonte B espódico; Processo de podzolização. Espodossolos Ferrohumilúvicos. Sob adubação e calagem, é usado no plantio de cana-de-açúcar no Nordeste.

 

 

 Figura 4 - Espodossolo. 
 

 

GLEISSOLOS


Solos com horizonte glei, conhecidos como Glei Húmico ou Pouco Húmico, Hidromórfico Cinzento, Solos permanentemente saturados por água, exceto quando drenados (Figura 5). São caracterizados pela forte gleização, ocasionalmente podem ter textura arenosa.

 

 

Figura 5 - Gleissolo. 
 

 

LATOSSOLOS


Solos com horizonte B latossólico, anteriormente tinham a mesma designação (Figura 6). Apresentam avançado estágio de intemperização, pois são destituídos de minerais primários e secundários; normalmente são muito profundos.

 

 

Figura 6 - Latossolos. 
 

 

LUVISSOLOS


Solos ricos em bases, B textural, correspondendo aos Brunos não Cálcicos, Podzólicos Vermelho-Amarelos Eutróficos e similares (Figura 7). Solos minerais, não hidromórficos, com argila em alta atividade. Podem variar de bem a imperfeitamente drenados, sendo pouco profundos.

 

 

Figura 7 - Luvissolos. 
 

 

NEOSSOLOS


Solos Pouco Desenvolvidos, anteriormente designados por Litossolos, Aluviais, Litólicos, Areias Quartzosas e Regossolos (Figura 8). São solos muito rasos, não alagados, onde a rocha de origem está a menos de 50 cm da superfície. Suas propriedades são inteiramente dominadas pelas da rocha de origem. Tipicamente, possuem sequência de horizontes A-C-R, onde R representa a rocha.

 

 Figura 8 - Neossolos.
 

 

NITOSSOLOS

Solos com horizonte nítico, correspondendo Terra Roxa Estruturada e Similar, Terra Bruna Estruturada e Similar, alguns Podzólicos Vermelho-Escuros (Figura 9). Composto por material mineral com argila de baixa atividade. Geralmente são de moderadamente ácidos a ácidos; profundos e bem drenados.

 

 

 Figura 9 - Nitossolos. 
 

 

ORGANOSSOLOS

Solos orgânicos, conhecidos anteriormente por Solos Orgânicos, Semi-Orgânicos, Turfosos, Tiomórficos (Figura 10).

 

 

 Figura 10 - Organossolos. 
 

 

PLANOSSOLOS

Solos com grande contraste textural, estrutura prismática, presença de sódio, anteriormente designados por Planossolos, Solonetz Solodizado, Hidromórfico Cinzento (Figura 11).

 

 

 Figura 11 - Planossolos. 
 

 

PLINTOSSOLOS

Solos com plintita, conhecidos como Laterita Hidromórfica, Podzólicos Plínticos, Latossolos Plínticos (Figura 12).

 

 

 Figura 12 - Plintossolos. 
 

 

VERTISSOLOS

Solos com propriedades provenientes de argilas expansíveis. Anteriormente tinham a mesma designação (Figura 13). São solos compostos por material mineral com horizonte vértico entre 25 e 10 cm de profundidade. Variam de pouco profundos a profundos com ocorrência de solos rasos.

 

 

Figura 13 - Vertissolos. 
 

 

MAPA DE DISTRIBUIÇÃO DE SOLOS NO BRASIL

 

 

 Figura 14 - Mapa de solos no Brasil.

 

 

 

ANÁLISE DE SOLOS

A análise de solo estima a capacidade do solo de suprir determinados nutrientes às plantas, auxiliando no planejamento e programa de adubação e calagem. A análise química do solo será tanto mais útil quanto mais confiável forem os resultados. Atualmente existem cinco programas interlaboratoriais de controle de qualidade em funcionamento no Brasil aproximadamente 220 laboratórios participam dos programas.

A análise química de solo para fins de avaliação da fertilidade é realizada em laboratórios de análise de rotina. Os resultados de pH, alumínio trocável (Al+³), saturação por alumínio (valor “m”), sódio trocável (Na+), índice de saturação por sódio, são características do solo, indicadores de condições de estresse ou de impedimento químico. Os resultados de cálcio e magnésio trocáveis (Ca+², Mg+²) são utilizados principalmente para determinar doses de corretivos. Os teores de fósforo, potássio, cálcio, magnésio e micronutrientes obtidos por soluções extratoras, são indicadores de disponibilidade destes, sendo usados para a definição de doses de adubação.

Os resultados de H + Al (acidez potencial), matéria orgânica, soma de bases (SB), saturação por bases (valor V), capacidade de troca catiônica total (T), e efetiva (t), e fósforo remanescente (P-rem) dão informações complementares para a interpretação da análise de solo é verificar os métodos analíticos utilizados, os quais devem estar descritos junto aos resultados no aludo.

A amostragem do solo é a primeira etapa de um programa de avaliação da fertilidade do solo, uma amostragem inadequada pode resultar em uma análise, interpretação e recomendação equivocadas, podendo causar graves prejuízos econômicos ao produtor. Os laboratórios, não conseguem minimizar ou corrigir os erros cometidos na amostragem.

Como não é possível analisar o solo como um todo, analisa-se uma pequena parte (amostra) de solo que irá representar uma área muito grande. Uma boa amostragem inicia pela estratificação da área, com definição das unidades de amostragem. Unidade de amostragem ou gleba é uma área, independente do tamanho, mas uniforme quanto ao relevo, vegetação, características do solo (cor, textura, drenagem) e uso anterior e atual.

As amostras simples são formadas pela porção de terra coletada em cada ponto do terreno e a amostra composta é a reunião das várias amostras simples coletadas. Para a maioria das culturas, as amostras simples são coletadas na camada de 0 a 20 cm (Figura 1).

 

 Figura 1 - Amostragem de solo (clique na imagem para ampliá-la).

 

Para pastagens já estabelecidas, a amostragem deve ser na camada de 0 a 5 cm. Culturas em que o preparo do solo chega 30 cm de profundidade, a amostragem deve ser realizada na camada de 0 a 30 cm. Com a introdução dos conceitos e tecnologias da Agricultura de Precisão, a amostragem sistematizada das áreas tem sido recomendada.

O método mais comum para a amostragem sistemática de solos em uma área é o de sobrepor uma grade quadrada ou retangular em um mapa ou fotografia da área, identificar e ir ao local coletar amostras de solos em cada célula. Dentro de cada célula, a amostragem pode ser ao acaso, coletando-se várias sub-amostras, pontual na qual as sub-amostras são coletadas em um raio de 3 a 6 m de um ponto central. A recomendação do espaçamento das grades (malhas) para amostragens de solos varia de 60 x 60 m a 135 m x 135 m, em função da resolução desejada (precisão) associada aos custos.

A freqüência de amostragem depende do manejo da propriedade e, da intensidade da adubação aplicada. Após a retirada da amostra o material deve ser acondicionado em embalagens para o envio ao laboratório. Os laboratórios ou instituições como cooperativas e órgãos de assistência técnica, fornecem sacos plásticos e/ou caixas de papelão. Não deve ser utilizas embalagens de quaisquer produtos, pois os resíduos podem alterar os resultados.
 

 

Ecila Maria Nunes Giracca                           José Luis da Silva Nunes

Eng. Agrª, Drª em Ciência do Solo               Eng. Agrº, Dr. em Fitotecnia

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