Fertilizantes Galvani vai elevar produção em 365%
Empresa enfrenta de cabeça erguida o acirramento da competição no seu setor

da Galvani: agora a única 100% verticalizada nos adubos fosfatados do país
A venda das minas da Bunge à Vale, aliás, foi o que deixou a Galvani como única que minera, industrializa e mistura adubos no país, já que a empresa americana passou a atuar apenas como misturadora.
O processo de consolidação no setor de fertilizantes pode tornar a Galvani um alvo de aquisições, mas a companhia familiar tem cartas na manga para ganhar musculatura e enfrentar a concorrência. A entrada em operação de duas novas minas, que já têm recursos para construção assegurados, vão fazer a produção da empresa saltar 365% nos próximos cinco anos.
"Precisamos ser criativos para competir com essas duas gigantes [Vale e Anglo]", diz o presidente da Galvani, Luiz Bonagura.
Enquanto as minas não entram em operação, a companhia prepara toda a estrutura necessária para receber e comercializar o volume adicional. A empresa construiu uma unidade portuária em Fortaleza para receber insumos importados, como o enxofre necessário para transformar a rocha em fertilizantes fosfatados.
Também por lá chegam as duas principais matérias-primas de adubos, que a Galvani não fabrica, mas mistura ao seu fosfato para vender aos agricultores: nitrogênio e potássio.
"Fortaleza será importante para expandir nossa atuação quando a mina de Santa Quitéria, também no Ceará, entrar em operação", diz Bonagura. O fosfato é a única das três matérias-primas com produção doméstica relevante.
Diferencial
Com investimento de US$ 350 milhões (cerca de R$ 630 milhões), a mina cearense será explorada em consórcio com as Indústrias Nucleares do Brasil (INB). A Galvani vai operar a mina e separar o urânio do fosfato. O primeiro servirá de combustível para as usinas nucleares, e o segundo será usado pela Galvani.
Santa Quitéria é vista internamente como o grande salto na estrutura da Galvani. O grupo venceu a licitação da INB disputada com a Bunge e a Vale, e agora aguarda o licenciamento ambiental de algumas partes do projeto. No Nordeste, a Galvani é a única que já minera fosfato em duas unidades, por ter desenvolvido um sistema que dispensa a água na concentração da rocha e permite a atividade no semi-árido.
Essa tecnologia é um exemplo da criatividade a que Bonagura se refere, já que as melhores minas de fosfato estavam nas mãos da Fosfertil.
Vencer a licitação da INB garantiu à Galvani manter e expandir o seu domínio no Nordeste, onde ela é mais competitiva e chega até o consumidor final, com fertilizantes formulados em sua fábrica em Luís Eduardo Magalhães (BA).
Já na indústria de Paulínia (SP), a Galvani atua mais como beneficiadora do fosfato de duas minas que possui em Minas Gerais. Seu produto é revendido a tradings e misturadores de adubos, que compram também o nitrogênio e o potássio para produzir os adubos finais.
Mas mesmo a unidade paulista do grupo já está preparada para receber pelo menos parte do volume adicional que o grupo vai minerar no projeto de fosfato de Serra do Salitre (MG).
"Temos uma linha de industrialização de fosfatados praticamente parada em Paulínia, esperando essa produção", afirma o presidente da empresa.
Com investimento de R$ 230 milhões, Serra do Salitre já recebeu licença prévia e aguarda a licença de instalação. Deve entrar em operação em 2013, antes de Santa Quitéria, prevista para 2014.