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Tecnologia é o seguro da lavoura

Boa nutrição diminui prejuízos em situações de estiagem prolongada


Áreas que recebem maior nutrição compensam em termos de maior produtividade e segurança com adversidades climáticas
 
Planejamento da lavoura, análise do solo e emprego de tecnologia são ações que diferenciam lavouras conduzidas em áreas com o mesmo clima. Uma boa nutrição não somente resulta em maior produtividade, como previne grandes prejuízos em situações como a estiagem prolongada.

Conforme o agrônomo e mestre em Produção Vegetal, Luiz Gustavo Floss, com a análise do solo é possível conhecer os limites com cada um dos nutrientes e, principalmente, com relação aos corretivos. Após isso, o agricultor tem condições de disponibilizar a necessidade da planta para aquela produtividade meta que ele tem. “Se ele almeja produzir 3 mil quilos de soja por hectare, tem que fazer com que a adubação e nutrição da planta sejam relativos a essa produtividade”, explica.

Além da correção do solo, no caso do milho, entram o nitrogênio, como um dos fatores primordiais de produtividade, sendo que nesta safra, em setembro, a grande quantidade de chuva fez com que boa parte fosse perdida e muitos tiveram que reaplicá-lo; o boro que está ligado ao crescimento dos pontos de desenvolvimento e, com relação à raiz, que é um desses pontos de crescimento, auxilia na melhor exploração do volume do solo, podendo fazer com que a planta tenha uma superior absorção dos nutrientes, podendo buscar água numa profundidade maior. O molibdênio está ligado à absorção do nitrogênio e ainda, ainda o zinco, que está relacionado à produção de alguns hormônios de crescimento, pois devido ao solo da região ter baixa concentração de fósforo, é preciso colocar grande quantidade.

Aminoácidos reduzem estresse da planta

Com relação à soja, o agrônomo explica que existem alguns nutrientes básicos, que começa com molibdênio, para ser um coadjuvante junto com o inoculante, favorecendo o aumento da produção de rizóbios, fazendo com que haja uma disponibilidade maior da planta. O boro também está diretamente ligado, formando uma quantidade maior de raízes, aumentando a quantidade de grãos e, o manganês, como co-fator enzimático na folha, proporcionando uma redistribuição do nitrogênio.

Floss conta que tem trabalhado ainda com ácidos húmicos e fulvicos e também aminoácidos, visando reduzir o estresse das plantas no que diz respeito à falta de chuva e danos com pragas e doenças. “Temos feito alguns trabalhos com produtos a base desses componentes, via tratamento de sementes e tratamento aéreo. Observamos que eles fazem com que, fisiologicamente, haja produção maior de compostos, favorecendo com que a planta possa estar produzindo novas glicoses, carboidratos, não a deixando parada. As aplicações preventivas, no tratamento de sementes, auxiliam no enraizamento e início do desenvolvimento e depois, outras aplicações no estágio vegetativo para favorecer uma produção maior”, explica.

De acordo com Floss, nem todos os agricultores trabalham com essa tecnologia nutricional. Alguns por desconhecimento e outros por querer fazer com o custo mais baixo possível, sem levar em conta o aumento de produtividade.

Custo de produção

A diferença de valores no custo de produção em uma lavoura com alta tecnologia para a média das lavouras encontradas na região não é grande. Conforme o mestre em Produção Vegetal, uma nutrição bem feita em termos de fertilização de base, mais micronutrientes, o custo ficaria em torno de R$ 600,00 por hectare e hoje o produtor tem gasto entre R$ 400 a R$ 500,00. Seria um custo adicional de seis a sete sacas e resultados mostram produtividades de 30 até 40 sacas a mais. “A vantagem é maior do que o gasto inicial”, destaca.

Na soja, o custo com adubação é menor, em torno de R$ 300,00/ha - essa diferença das aplicações não passa de R$ 50,00 por hectare - é o custo de 1 saca e resultados apontam para 3 a 8 sacas a mais de produtividade.

“Mas não se trata simplesmente do aumento de produtividade. Quando se forma uma lavoura com boa tecnologia é como se fizesse o seguro da lavoura para garantir a boa produtividade. Se o agricultor usa tecnologia inferior e surge algum imprevisto como a falta de chuva, a tendência é das perdas serem muito maiores do que o agricultor que trabalhou com mais tecnologia. O que pode exemplificar a diferença são lavouras com diferente nível de nutrição em uma área próxima, onde as condições climáticas são as mesmas”, enfatiza.

Floss diz ainda que outro ingrediente que está junto com a parte nutricional é a quantidade de palhada no solo. Onde há maior quantidade, a absorção de água é superior, dando vantagem para períodos de estiagem prolongada, deixando o solo mais úmido do que num local em que a palhada é pouca.

Essas e outras informações foram levadas ao público regional nesta quinta-feira, 26, quando foi realizado o 1º Seminário sobre Fisiologia, Nutrição e Manejo de Pragas, promovido pela Produtécnica Comércio & Representações, em Passo Fundo. Foram abordadas novidades dessas três áreas da produção agrícola, com a finalidade de garantir uma planta mais sadia na hora de enfrentar adversidades, em especial quando o clima não é favorável ao desenvolvimento da cultura.

Necessidade de evolução

O agrônomo enfatiza que hoje o agricultor deve se adequar às técnicas modernas e não manejos realizados há mais de uma década. Isso porque, atualmente as cultivares são diferentes, como por exemplo, o ciclo menor. Há 10 anos, o período entre a semeadura e a colheita chegava até 150 dias e hoje varia de 95 a 120 dias, no máximo. Com essa diminuição do período vegetativo e reprodutivo, a planta demanda que os nutrientes estejam prontamente disponíveis quando for preciso absorvê-los.

Além disso, como as novas cultivares proporcionam um aumento da produtividade, a planta precisa de uma eficiência maior e, consequentemente, de uma quantidade de nutrição mais elevada.

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