
Lagarta das ponteiras
Lagarta das vagens (Helicoverpa gelotopoeon) Culturas Afetadas: Algodão, Soja
É uma das espécies mais vorazes que afetam o cultivo de soja. Além disto, é uma das mais complexas de controlar com uso de inseticidas. Como as demais espécies do gênero, apresenta o último segmento abdominal terminando em ângulo de 45º, corpo coberto por pelos, cinco pares de pseudopatas, coloração variável (depende do que está consumindo), uma lista branca nas laterais e pelos brancos no dorso e ventre. É característica a posição que adota ao ser tocada, enroscando-se sobre si mesma.
Danos: Os danos são diferentes de outras lagartas em soja, que causam injúrias características em partes distintas da planta ou em diferentes fases de desenvolvimento da cultura. H. gelotopoeon causa danos em todas as fases da planta, confundindo com as características de outras espécies:
- Cortadora de plântulas - Os danos ocorrem desde a fase de plântula, indicando que a postura pode ser realizada em plantas daninhas ou no ambiente, antes da emergência da soja. As lagartas cortam o colo da plântula, confundindo com o dano de lagarta-rosca (Agrotis ipsilon);
- Broca da ponteira ou enroladeira de folhas - Outro dano característico ocorre nas folhas jovens, quando a lagarta se aloja dentro do folíolo, juntando o limbo foliar com fios de teia, permanecendo protegida e oculta. Nessa fase causa confusão com a lagarta enroladeira de folhas (Omioides indicata). Também se alimenta de racemos e pode perfurar o caule, confundindo com o dano da broca-das-ponteiras (Epinotia aporema). A oviposição é feita individual e em folhas jovens, onde as larvas preferem se alimentar, caracterizando a dificuldade de controle, pois nenhum inseticida aplicado em soja é capaz de penetrar na planta, circular com a seiva e proteger folhas jovens, formadas depois da aplicação;
- Folhas - Na fase vegetativa da soja, o consumo de folhas é semelhante ao da lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis);
- Legumes e grãos - Se diferencia por consumir flores, legumes, o racemos das flores e também grãos dentro dos legumes. Estudos realizados na Argentina indicam que o consumo médio é de 10 grãos por lagarta, podendo chegar a 18 grãos. A perda de 37 grãos.m-2, corresponde a 60 kg.ha-1. Porém, a análise não deve ser feita apenas pela capacidade de consumo de grãos, pois a planta compensa perdas, aumentando o peso de outros grãos no mesmo nó. De qualquer maneira, a capacidade de consumir o broto, as folhas e os grãos em formação, caracteriza uma praga diferenciada e exige identificação correta, monitoramento de populações e decisão de controle com inseticidas e doses mais eficientes.
Controle:
- Biológico - Os inimigos naturais são pouco conhecidos. No Brasil foi encontrado o parsitóide de lagarta (Campoletis sp.) que é citado na Argentina, onde também são destacadas as formigas predadoras como inimigos naturais importantes.
- Químico - Os inseticidas e doses usadas para as lagartas conhecidas em soja estão sendo ineficientes para a lagarta. Nenhum inseticida disponível no mercado é capaz de circular na planta e protegendo brotações novas. Desta forma, a folha formada depois da aplicação de inseticida não tem possibilidade de ser protegida contra esta praga, seja via sistêmica ou por formação de gases. O uso frequente e com doses elevadas de inseticidas podem facilitar a ressurgência de populações da praga nas lavouras. Recomenda-se o manejo da praga, com uso de produtos registrados para a cultura (quando existirem), associado com monitoramento populacional da mesma.