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Infestação de capim-amargoso cresce

Entenda os riscos e como evitar perdas na soja e no milho



Foto: Arquivo

O capim-amargoso (Digitaria insularis) tem avançado sobre áreas agrícolas brasileiras e se tornado uma das principais ameaças à produtividade das lavouras de grãos, como soja e milho. Com alta capacidade de rebrote e resistência a herbicidas, a planta daninha compromete os resultados das safras e exige manejo cada vez mais técnico e integrado. Segundo a Embrapa, o problema já atinge com força estados como Paraná, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, colocando em alerta toda a cadeia produtiva.

Em áreas infestadas, as perdas podem ultrapassar 20 sacas de soja por hectare, além de exigir mais aplicações de defensivos e aumentar o custo de produção. A resistência do capim-amargoso ao glifosato e a graminicidas do grupo ACCase é um dos maiores entraves ao controle químico tradicional. Como resposta, a recomendação da Embrapa é a adoção de manejo integrado, que combina diferentes estratégias — químicas, mecânicas e culturais.

Entre as soluções químicas, herbicidas pré-emergentes ganham destaque por atuarem sobre o banco de sementes do solo, reduzindo a emergência de novas plantas. No pós-emergente, misturas com glufosinato e inibidores de PROTOX ou ACCase têm se mostrado eficazes, desde que aplicadas nos estágios iniciais da planta daninha. A instituição alerta que o sucesso do controle está diretamente relacionado ao momento da aplicação: quanto mais jovem a planta, maior a eficácia dos produtos.

Nas frentes cultural e mecânica, práticas como roçada baixa, cobertura com palhada e rotação de culturas são apontadas como aliadas importantes no combate ao capim-amargoso. Essas ações reduzem a luminosidade no solo, dificultam a germinação e enfraquecem a rebrota. O uso da agricultura digital também se consolida como ferramenta estratégica. Tecnologias de mapeamento georreferenciado, sensores e imagens de satélite permitem identificar manchas iniciais de infestação e realizar aplicações localizadas, aumentando a precisão e diminuindo custos.

A Embrapa destaca que, antes de optar por qualquer estratégia, é fundamental considerar o histórico da área, o nível de infestação, o custo-benefício das alternativas e os riscos de novas resistências. O controle químico isolado já não é suficiente. A abordagem sustentável exige a combinação de práticas e a tomada de decisão orientada por dados e monitoramento constante.

No campo da biotecnologia, embora haja pesquisas em andamento, ainda não há soluções comerciais específicas voltadas ao capim-amargoso. A Embrapa defende o investimento contínuo em inovação e capacitação técnica como forma de ampliar as opções de controle no futuro.

Com a expansão da infestação e a crescente resistência aos herbicidas, o capim-amargoso já não é apenas uma ameaça pontual. Tornou-se um fator crítico para o planejamento agrícola. A adoção imediata de estratégias integradas e preventivas é o único caminho para preservar a produtividade, a sustentabilidade e a rentabilidade das lavouras brasileiras.

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