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Soja sustenta preços com impulso chinês, mas cenário futuro exige cautela

Demanda interna por óleo de soja tende a crescer



Foto: Divulgação

Mesmo com quedas em Chicago e câmbio oscilante, os preços da soja no mercado brasileiro se mantiveram relativamente firmes nos primeiros dias de agosto. Segundo dados do CEEMA, a média gaúcha encerrou a semana em R$ 123,02/saco, com perdas inferiores a R$ 2 em relação à semana anterior, impulsionada por prêmios firmes no mercado internacional e maior demanda da China. Nas principais praças do país, os valores oscilaram entre R$ 113,00 e R$ 123,00/saco.

No cenário externo, o avanço da nova safra norte-americana e a guerra comercial entre EUA e China continuam pressionando as cotações em Chicago. A média de julho ficou 3,8% abaixo da de junho, encerrando a semana com o bushel a US$ 9,71. Ao mesmo tempo, a China fortalece suas compras da América do Sul, adquirindo inclusive farelo argentino com tarifa reduzida, o que pressiona o farelo brasileiro.

A futura safra brasileira, prevista para iniciar o plantio em setembro, poderá alcançar até 183 milhões de toneladas, em cenário climático normal, com aumento de área entre 1,5% e 2%. Contudo, as vendas antecipadas estão abaixo da média histórica: apenas 16,8% foram negociadas até o início de agosto, contra 26,8% da média, o que pode refletir insegurança dos produtores diante das volatilidades externas.

Com a aprovação da Lei do Combustível do Futuro, a demanda interna por óleo de soja tende a crescer expressivamente, elevando a necessidade de processamento industrial e pressionando a estrutura logística do setor. A projeção é de que sejam necessários mais de 20 milhões de toneladas extras de grão para atender à demanda futura de biodiesel até 2030, com investimentos estimados em R$ 53 bilhões.

A equação se complica pela necessidade de absorção do farelo gerado no processo de trituração. A crescente demanda interna poderá, inclusive, alterar o volume de soja em grão disponível para exportação, caso a produção não acompanhe o ritmo exigido pelo novo cenário energético.

Enquanto o presente sinaliza resiliência com apoio do mercado internacional, o futuro da soja brasileira exige planejamento estratégico e visão ampla de mercado. A CEEMA destaca que os próximos meses serão decisivos para entender como o país vai equilibrar demanda interna crescente e protagonismo exportador.

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