Como a guerra no Oriente Médio afeta minha soja?
Consultoria aconselha evitar vendas no mercado físico

Segundo análise da TF Agroeconômica, a guerra no Oriente Médio tem impactado significativamente as cotações da soja, que voltaram a se aproximar da linha de resistência em torno de US$ 1.080 por tonelada. Diante dessa instabilidade, a consultoria recomenda que produtores aproveitem o atual lucro de 32,83% para fixar preço no mercado futuro da soja na B3, pelo menos para 50% do que resta da safra atual, mantendo atenção aos desdobramentos do conflito, que é considerado passageiro e oferece oportunidades de alta temporárias.
Para a próxima safra (2026), a TF Agroeconômica aconselha evitar vendas no mercado físico, prevenindo riscos de entrega em caso de quebra de safra, mas sugere a venda no mercado futuro para proteger custos e aproveitar altas ocasionadas pela guerra. O monitoramento constante do cenário é fundamental para garantir segurança nas negociações.
Entre os fatores que elevam os preços da soja estão o aumento dos mandatos de biodiesel nos Estados Unidos, que passam de 3,35 bilhões de galões em 2025 para 5,61 bilhões em 2026 e 5,86 bilhões em 2027, impulsionando a demanda pelo óleo de soja. A decisão da EPA (Agência de Proteção Ambiental dos EUA) de reduzir créditos para matérias-primas importadas também favorece o óleo americano. Além disso, os estoques finais de soja nos EUA projetados em 8,03 milhões de toneladas são considerados baixos, elevando as perspectivas de alta, ainda mais com as previsões de clima adverso e temperaturas acima da média para o Centro-Oeste norte-americano.
No Brasil, a disputa sazonal entre indústrias que desejam aproveitar a alta do óleo e exportadores antecipando vendas antes da colheita americana tem pressionado os preços da soja, que subiram 0,30% somente em junho. Contudo, existem fatores que limitam a alta, como a queda do dólar, que freia a valorização da commodity no mercado interno.
Já os fatores baixistas incluem a queda no preço do farelo de soja, reflexo do aumento da moagem para atender à demanda pelo óleo, que gera excedentes no mercado global liderado por Brasil e Argentina. Os estoques finais americanos e mundiais maiores também exercem pressão para baixo nos preços da soja, segundo o relatório do USDA divulgado recentemente.