Índia, Tailândia e China ampliam produção de açúcar
China bate recorde de importação mensal de açúcar

De acordo com a coordenadora de inteligência de mercado da Hedgepoint, Lívea Coda, a produção de açúcar da Índia em 2024/25 ficou abaixo das expectativas, totalizando aproximadamente 30 milhões de toneladas brutas. Após o desvio de 3,4 milhões de toneladas para a produção de etanol, a produção líquida foi de 26,1 milhões de toneladas. O país exportou 800 mil toneladas na temporada, com possibilidade de transferir 200 mil toneladas adicionais para 2025/26.
Segundo Coda, as projeções para 2025/26 indicam melhora. “As chuvas abundantes em maio melhoraram a umidade do solo e apoiaram o desenvolvimento precoce das culturas. Refletindo isso, a primeira estimativa da ISMA projeta uma produção bruta de açúcar próxima a 35 milhões de toneladas. O desvio para o etanol deve ficar entre 4 e 4,5 milhões de toneladas, resultando em uma produção líquida de açúcar entre 30,5 e 31 milhões de toneladas. Nossa estimativa atual está alinhada com o limite superior dessa faixa, em 31 milhões de toneladas, com potencial de alta”, afirmou.
Em relação às exportações, a Hedgepoint havia projetado 500 mil toneladas inicialmente. “No entanto, levando em consideração os 200 kt não utilizados em 2024/25 e o pedido da ISMA para que o governo autorize cerca de 2 milhões de toneladas de exportações, revisamos nossa projeção para 1,5 milhões de toneladas. Nesse nível, a Índia continuaria a estocar menos do que sua meta de consumo de três meses, uma tendência observada nas últimas cinco safras”, destacou a coordenadora.
Na Tailândia, a produção de açúcar em 2024/25 alcançou 10 milhões de toneladas, resultado da expansão da área cultivada e de uma recuperação parcial da produtividade. A moagem de cana cresceu 10 milhões de toneladas frente à safra 2023/24, chegando a 92 milhões de toneladas, sendo mais de 85% provenientes de cana fresca. Apesar do crescimento, os volumes de exportação permaneceram em linha com o ano anterior, somando 3,57 milhões de toneladas em junho.
Os embarques de açúcar bruto aumentaram 18%, enquanto as exportações de açúcar branco caíram 14% no comparativo anual. A expectativa é que as exportações totais cheguem a 6,7 milhões de toneladas, considerando que não há histórico de acúmulo significativo de estoques no país. “Olhando para a próxima temporada, revisamos nossa previsão de produção de cana para 100 milhões de toneladas. Embora isso ainda represente uma recuperação, ela é menos pronunciada do que o esperado anteriormente devido aos riscos de doenças fúngicas. Por outro lado, as condições climáticas têm sido favoráveis, com previsão de chuvas acima da média para setembro e outubro em grande parte do país”, explicou Coda.
Na China, a produção de açúcar em 2024/25 atingiu 11,16 milhões de toneladas, apoiada por um aumento de mais de 10% na área plantada, que chegou a 1,39 milhão de hectares. A produtividade, de 58,65 t/ha entre cana e beterraba, foi ligeiramente inferior à safra anterior, mas a produção total registrou aumento de quase 12%.
Apesar disso, as importações chinesas em junho ficaram abaixo das expectativas iniciais. “Embora as expectativas fossem altas com base na programação do Brasil e nas entregas de maio, os dados alfandegários chineses para junho mostraram volumes de importação menos expressivos, sugerindo que parte da carga nomeada pode ter chegado em julho – e de fato chegou”, disse Coda. O país importou 740 mil toneladas no mês, recorde para o período, e deve manter o ritmo de compras diante da arbitragem favorável.
O Ministério da Agricultura da China revisou a previsão de importação para 2024/25 de 4,75 milhões para 5 milhões de toneladas. A Hedgepoint estima 4,6 milhões de toneladas de açúcar bruto e pelo menos 1 milhão de toneladas de xarope em equivalente de açúcar. A consultoria avalia que o contrabando pode continuar desempenhando papel relevante. Até o momento, as importações de açúcar estão 9% abaixo da temporada passada, mas os volumes esperados entre agosto e setembro devem superar em 13% os registrados no mesmo período de 2024.
Para 2025/26, a Associação de Açúcar da China projeta produção de 11,2 milhões de toneladas, com ligeiro aumento na área plantada e produtividade estimada em 59,7 t/ha. A entidade prevê estabilidade nas importações e crescimento marginal da demanda, o que deve resultar em acúmulo de cerca de 1 milhão de toneladas em estoques. Considerando o desempenho do Hemisfério Norte e a safra do Centro-Sul do Brasil, a Hedgepoint avalia que os preços internacionais podem continuar favorecendo a acumulação de estoques.