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Eventos climáticos extremos no acre crescem pós 2010

Os pesquisadores identificaram 254 eventos climáticos extremos nos últimos 36 anos


Foto: Pixabay

O ano de 2010 pode ter representado um ponto de virada para eventos climáticos extremos no estado do Acre, no Norte do Brasil, conforme indicado por um estudo publicado na revista "Perspectives in Ecology and Conservation". A pesquisa, conduzida pela Universidade Federal do Acre (UFAC), Universidade Estadual do Ceará (UECE), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e o centro de pesquisas americano Woodwell Climate, sugere que o Acre pode ser uma das regiões brasileiras mais impactadas por eventos climáticos extremos.

Analisando estudos de 1987 a 2023 e decretos estaduais e municipais relacionados a alertas climáticos, os pesquisadores identificaram 254 eventos climáticos extremos nos últimos 36 anos, com uma tendência crescente na frequência e intensidade desde 2010. “A partir de 2010, vemos uma quebra, uma ruptura do padrão que se mostrava até então”, destaca Sonaira Silva, pesquisadora da UFAC e autora do estudo. Até 2004, os registros indicavam a ocorrência de, em média, um evento extremo por ano nas cidades acreanas. No entanto, desde então e, principalmente, após 2010, dois ou mais eventos têm sido registrados com frequência no mesmo ano em um mesmo município. “Esse é o padrão que está se mostrando para o futuro; o ambiente não está conseguindo se regenerar depois de cada evento e, a cada ano, está mais frágil”, explica a autora.

Durante o período analisado, 60% das ocorrências enfrentadas pelos habitantes do Acre foram incêndios florestais ou queimadas em áreas desmatadas, enquanto 33% foram inundações e 6% crises hídricas, conforme destaca um artigo. O estudo enfatiza que as pessoas mais afetadas geralmente estão em áreas de risco, com menor poder aquisitivo e infraestrutura limitada.

As perdas econômicas em larga escala foram notáveis, com o Acre liderando todos os estados brasileiros em custo financeiro por evento entre 2000 e 2015, estimado em mais de 15 milhões de reais a cada crise, segundo dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres do Brasil. A pesquisa identificou padrões nas áreas mais impactadas, destacando a capital Rio Branco e o município de Cruzeiro do Sul como os principais locais afetados, mesmo que regiões menos arborizadas enfrentem mais eventos climáticos.

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