Perdas com pastagens somam R$ 7 bi por ano
Entre as principais causas estão o manejo inadequado

A degradação das pastagens é hoje um dos maiores entraves para a pecuária brasileira, afetando tanto a economia quanto a sustentabilidade da atividade. Segundo a Embrapa, cerca de 50% das áreas de pasto no país apresentam algum grau de degradação, o que representa perdas anuais estimadas em R$ 7 bilhões, resultado da queda na produção de carne e leite e dos altos custos para recuperação das áreas. O problema compromete não só a rentabilidade dos produtores, mas também a imagem do setor perante consumidores cada vez mais atentos às práticas ambientais.
“Essa degradação é caracterizada pela queda progressiva da produtividade, afetando diretamente a capacidade de suporte da área. Ela pode ocorrer em diferentes níveis, começando com a perda de vigor do pasto até a deterioração física do solo, com erosão”, explica o técnico de sementes Thiago Neves Teixeira, da Sementes Oeste Paulista (Soesp).
Entre as principais causas estão o manejo inadequado, a pressão excessiva do pastejo e a ausência de adubação correta, que reduzem a fertilidade do solo e favorecem o surgimento de plantas invasoras. A escolha equivocada da espécie forrageira e falhas na formação da pastagem, como o uso de sementes de baixa qualidade e o preparo deficiente do solo, também aceleram o processo de degradação. Além disso, práticas como o uso recorrente do fogo e a incidência de pragas e doenças, a exemplo da síndrome da morte do capim-marandu, intensificam os danos.
Os impactos ultrapassam a esfera produtiva: compactação e erosão do solo prejudicam ciclos hídricos, aumentam o assoreamento de rios e reduzem a biodiversidade. Esse cenário reforça a necessidade de estratégias preventivas, como ajuste da taxa de lotação, manutenção da fertilidade por meio de análises de solo e diversificação de espécies forrageiras.
“A recuperação direta é indicada para áreas com degradação inicial e inclui controle de invasoras, correção do solo e adubação. Já a renovação direta envolve preparo completo do solo e replantio, demandando maior investimento e tempo de espera. A renovação indireta, por sua vez, integra sistemas como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), combinando sustentabilidade e produtividade”, destaca Teixeira.