Digitalização é a saída para o Seguro Agrícola
Crises no agro já demonstraram que dificuldades antecipam transformações

A imposição de tarifas de 50% pelos EUA sobre produtos brasileiros está acelerando a transformação do seguro agrícola. Segundo Rodrigo Zuini, CTO da Picsel, o impacto atinge produtores em toda a cadeia, reduzindo margens e comprometendo a manutenção de seguros em meio à maior volatilidade climática e de mercado. O corte de 42% no Programa de Subvenção Rural reduziu a área segurada de 14 milhões para 7 milhões de hectares, deixando milhões de hectares vulneráveis a perdas sem respaldo financeiro.
Nesse cenário, a digitalização deixa de ser opcional. Tecnologias como inteligência artificial, Big Data, drones e seguros paramétricos permitem estimar riscos com precisão, reduzir custos e agilizar a emissão de apólices. Startups brasileiras mostram que processos automatizados podem cortar custos em até 90%, tornando o seguro mais acessível e transparente, mesmo sem subsídio público.
Crises no agro já demonstraram que dificuldades antecipam transformações. Plataformas digitais se consolidaram em crédito rural e gestão de propriedades após restrições financeiras e eventos climáticos extremos. Culturas exportadoras como café e carne bovina e regiões do Sul e Sudeste serão as mais impactadas, reforçando a necessidade de soluções tecnológicas ágeis.
“A crise comercial, portanto, não apenas evidencia fragilidades do seguro agrícola, mas também pode acelerar uma revolução digital que levaria décadas para ocorrer naturalmente. Sistemas de precificação dinâmica, emissão rápida de apólices e plataformas digitais para democratizar o acesso ao seguro podem transformar o setor, mitigando riscos financeiros e fortalecendo a resiliência do agro brasileiro em meio a desafios de mercado e clima. Se o Brasil conseguir integrar inovação tecnológica ao seguro agrícola com escala, poderá não apenas reduzir a dependência de subsídio público, mas também criar um novo padrão de gestão de risco rural, mais compatível com os desafios do século XXI”, conclui.