CNI descarta retaliação e quer negociar com os EUA
CNI apresentou ao governo federal um conjunto de propostas

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reagiu com preocupação à decisão dos Estados Unidos de elevar para 50% a tarifa sobre uma série de produtos brasileiros. Apesar da gravidade da medida, a entidade reforça que o momento exige diálogo e cooperação, e não retaliações. A CNI apresentou ao governo federal um conjunto de propostas para mitigar os impactos sobre a indústria, com foco especial nas pequenas e médias empresas exportadoras.
Segundo informações divulgadas pela CNI, a sobretaxa aprovada pelo governo norte-americano ameaça a competitividade da indústria nacional, compromete cadeias produtivas e coloca em risco empregos, investimentos e contratos de longo prazo. Para o presidente da entidade, Ricardo Alban, a resposta do Brasil deve priorizar a diplomacia. “Seguimos defendendo a negociação como forma de convencer o governo americano que essa medida é uma relação de perde-perde para os dois países, não apenas para o Brasil”, afirmou.
Para enfrentar os efeitos imediatos da medida, a CNI apresentou uma lista com 8 ações prioritárias ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). As propostas incluem a criação de uma linha emergencial de crédito com juros reduzidos pelo BNDES, prorrogação de prazos em financiamentos para exportações, adiamento no pagamento de tributos federais e reforço no combate a práticas desleais de comércio, como o dumping.
Entre as sugestões está também a reativação do Programa Seguro-Emprego (PSE), a ampliação do Reintegra — programa que devolve parte dos tributos às exportações — e a liberação imediata de ressarcimentos já homologados de tributos federais como PIS, Cofins e IPI. “Nossas propostas buscam mitigar os efeitos econômicos adversos aos setores afetados pelas barreiras e preservar a capacidade exportadora das empresas brasileiras”, reforça Alban.
Uma análise inicial feita pela CNI indica que cerca de 700 produtos brasileiros foram isentados da nova tarifa de 50%, principalmente itens ligados à aviação civil, que seguirão sujeitos apenas à tarifa de 10% anteriormente anunciada. No entanto, setores estratégicos para o Brasil, como proteína animal, café, etanol, máquinas e equipamentos, ficaram de fora das isenções e serão diretamente impactados.
A Confederação também destaca que a tarifa adicional de 40% não será aplicada a mercadorias já submetidas a tarifas setoriais sob a Seção 232, como aço, alumínio e automóveis. Ainda assim, o cenário acende um alerta para os exportadores brasileiros e exige, na visão da entidade, uma ação coordenada entre governo e setor produtivo para evitar maiores prejuízos.