Setor de carne do Brasil mira novos mercados em meio a tensões com os EUA
No primeiro semestre de 2025, foram embarcadas 2.648 toneladas

Mesmo com a ameaça de nova tarifa sobre a carne bovina brasileira anunciada pelos Estados Unidos, o impacto no segmento de Carne Angus Certificada deve ser reduzido. Segundo Wilson Brochmann, diretor do Programa Carne Angus Certificada, os embarques para o mercado norte-americano representam apenas 1,2% do total exportado. “A tarifa é irrelevante para a carne Angus. Nosso foco está em mercados que valorizam mais a qualidade do produto”, afirmou Brochmann em entrevista ao Portal Agrolink.
Os dados mais recentes divulgados pela Associação Brasileira de Angus e Ultrablack confirmam a expansão das exportações da Carne Angus Certificada. No primeiro semestre de 2025, foram embarcadas 2.648 toneladas, volume 98,6% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. No total, 24 países importaram o produto brasileiro — um movimento que fortalece a diversificação de destinos e reduz a dependência de mercados únicos.
Pela primeira vez, Israel liderou as compras, com 35% da carne exportada, ultrapassando a China, que ficou com 31%. A mudança foi atribuída à queda na oferta interna dos Estados Unidos, que historicamente abasteciam o mercado israelense com carne de menor valor agregado. “Países como Israel estão encontrando na carne Angus certificada o padrão de qualidade que buscam”, destacou Maychel Borges, gerente do programa.
Além da ampliação do número de países importadores, houve aumento no volume de abates. Foram 255,6 mil animais certificados no primeiro semestre, alta de 13,1% frente aos primeiros seis meses de 2024. Hoje, o Brasil conta com 80 técnicos e 43 frigoríficos habilitados no programa.
Com menor participação dos EUA nas exportações de Angus, a diversificação de destinos ganha ainda mais importância. Entre os principais compradores também estão Chile, Arábia Saudita, México, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Líbano, Kuwait e Malásia.
Brochmann ressalta que a expansão da certificação reflete a busca da indústria por qualidade e pela valorização no mercado externo. “Diversos frigoríficos têm nos procurado. O mercado está ávido por carne certificada e isso tem nos levado ao crescimento”, conclui.