Gripe aviária pressiona mercado do milho no Brasil

A confirmação do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil trouxe impacto imediato sobre o mercado do milho. Segundo análise divulgada nesta segunda-feira (20) pela Grão Direto, a suspensão temporária das exportações de carne de frango para mercados como China, União Europeia, Argentina, México, Chile e Uruguai, especialmente o bloqueio de 60 dias imposto pela China, deve reduzir a demanda por milho no curto prazo.

“A cadeia avícola é uma grande consumidora de milho para ração. A queda nas exportações e na produção de aves tende a diminuir essa demanda, pressionando os preços do milho, do frango e dos ovos”, aponta a análise. A expectativa é que, caso o controle da doença seja efetivo e os embargos se mantenham temporários, os impactos sejam limitados. No entanto, um cenário de disseminação da gripe aviária pode gerar efeitos mais duradouros.

Nos Estados Unidos, o plantio do milho avança em ritmo acelerado. Até 11 de maio, 62% da área prevista já havia sido semeada, 15 pontos percentuais à frente do registrado no mesmo período do ano anterior. Apesar de 30% das lavouras ainda enfrentarem condições de seca, especialmente no centro-norte do Corn Belt, as chuvas recentes amenizaram parte do déficit hídrico. A previsão de novas precipitações pode beneficiar áreas secas, mas também atrasar o plantio em estados como Missouri, Illinois e Indiana.

No comércio internacional, a movimentação entre Estados Unidos, China e Brasil adiciona complexidade ao mercado. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) reportou a venda de 2,75 milhões de toneladas de milho da safra 2025/26, o maior volume para esta época nos últimos três anos. O dado chama atenção pela ausência de compras expressivas por parte da China, tradicional cliente norte-americano.

Enquanto isso, o Brasil deve registrar crescimento de 11% na segunda safra de milho, que se volta principalmente à exportação. Com a colheita prestes a ganhar ritmo, há expectativa de maior oferta no mercado global. "Combinado à possível redução da demanda interna por conta da gripe aviária, o cenário favorece uma tendência de queda nos preços do milho", conclui a Grão Direto.