Casca de arroz vira “arma” contra pragas
Esse avanço promete um salto de qualidade

A casca de arroz, frequentemente descartada e queimada pela indústria, pode ser transformada em uma valiosa matéria-prima para a agricultura sustentável. Segundo o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanotecnologia para Agricultura Sustentável (INCT), a pesquisadora Renata Lima, da Universidade de Sorocaba (UNISO), desenvolve um método inovador que utiliza fungos para sintetizar nanopartículas de sílica a partir desse resíduo, com baixo custo e menor impacto ambiental.
O processo, chamado de síntese biogênica, representa uma alternativa verde aos métodos convencionais, que geralmente envolvem altos custos e impactos ambientais. Ao inocular a casca de arroz com fungos, é possível gerar nanopartículas de sílica de forma barata e ecológica. Esse material é conhecido por fortalecer as plantas, melhorar a absorção de nutrientes, estimular o crescimento e até atuar como nanoherbicida, nanofertilizante ou nanopesticida.
A inovação não para por aí. Renata e sua equipe avançaram ainda mais ao utilizar essas nanopartículas para proteger os conídios do fungo Beauveria bassiana, já conhecido por seu uso no controle biológico de pragas como a lagarta-do-cartucho e a falsa-medideira. Envolvendo os conídios com a sílica, o bioinseticida ganha proteção contra sol e chuva, reduzindo a necessidade de reaplicações frequentes no campo.
Os resultados são animadores: segundo a pesquisadora, a nova formulação nanotecnológica alcançou até 90% de eficácia no controle das pragas da soja e do milho. Além da durabilidade no ambiente, a sílica ainda potencializa a aderência e penetração do fungo nos insetos, permitindo uma liberação mais eficiente e controlada. Esse avanço promete um salto de qualidade na aplicação do controle biológico na agricultura brasileira.