Colheita de soja enfrenta desafios no RS

A colheita de soja no Brasil está praticamente concluída na maioria dos estados, exceto no Rio Grande do Sul, onde surgem discrepâncias significativas entre as estimativas da Hedgepoint Global Markets e as da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Conforme a análise da Hedgepoint, os impactos das recentes enchentes no estado foram subestimados pela Conab.

Em seu último relatório divulgado em 14 de maio, a Conab reduziu a estimativa de produção de soja no Rio Grande do Sul em cerca de 0,4 milhões de toneladas (mt), representando uma redução de menos de 3% sobre a estimativa de quase 22 milhões de toneladas (mt) para abril. No entanto, a Hedgepoint Global Markets discorda dessa avaliação, apontando que os danos causados pelas enchentes são muito maiores do que o previsto.

Alef Dias, analista de Grãos e Macroeconomia da Hedgepoint, explica: "Segundo a Emater/RS, houve uma redução drástica na qualidade dos grãos em comparação ao produto obtido antes do excesso de chuvas. Estima-se que a área colhida alcançou 85%. Além disso, o avanço provavelmente será pouco significativo nos próximos dias, já que muitas lavouras, dos 15% restantes, devem ser abandonadas em razão da inviabilidade econômica, ou seja, a colheita dessas áreas não cobre os custos da operação, o frete e os descontos aplicados no recebimento pelas cerealistas."

Com base nesses impactos, a Hedgepoint estima uma safra de 18,2 milhões de toneladas de soja para o Rio Grande do Sul, uma redução significativa em comparação com as previsões anteriores. "Essa redução é de certa forma suavizada por ajustes positivos no Centro-Oeste, já que os dados advindos das agências locais apontam para resultados acima do estimado nos últimos meses", acrescenta Alef.

Dessa forma, a estimativa da Hedgepoint Global Markets para a safra de soja no Brasil no ciclo 23/24 é de 146 milhões de toneladas, 4,1 milhões de toneladas a menos do que a leitura anterior da empresa.