Oferta elevada pressiona preços do algodão no Brasil

Os preços do algodão em pluma seguem em queda no mercado brasileiro, influenciados diretamente pela intensificação da colheita e pela perspectiva de produção recorde na temporada 2024/25. Com o avanço da oferta, compradores têm maior poder de barganha, o que vem pressionando os valores praticados nas negociações internas.

De acordo com informações do boletim do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), essa tendência de baixa está relacionada ao avanço da colheita de uma safra que deve atingir volumes históricos. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a produção brasileira de algodão atinja 3,938 milhões de toneladas, alta de 6,4% em relação ao ciclo anterior. No cenário internacional, no entanto, a dinâmica é diferente. Os preços externos do algodão têm registrado valorização, impulsionados por uma maior procura global pelo produto norte-americano. Segundo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção mundial para a safra 2025/26 deve alcançar 25,783 milhões de toneladas — uma queda de 1,2% na comparação com a safra anterior.

No mercado de caroço de algodão, o ritmo de negociações está um pouco mais aquecido. O Cepea aponta que compradores já estão ativos na busca por lotes da safra 2024/25, cuja entrada no mercado ocorre de maneira gradual. Apesar disso, os vendedores demonstram cautela: muitos ainda estão priorizando o cumprimento de contratos a termo previamente firmados, antes de ampliar as entregas no mercado spot.

A discrepância entre os movimentos do mercado interno e externo evidencia os desafios do setor produtivo brasileiro em lidar com o excesso de oferta doméstica, ao mesmo tempo em que observa oportunidades nos mercados internacionais. A definição dos próximos passos dependerá do ritmo da colheita, da evolução da demanda interna e das movimentações globais em torno da fibra.