Potencial antifúngico de óleos essenciais em mangas
Óleos essenciais ajudam a controlar fungos que atacam a manga na pós-colheita
Cientistas da Embrapa e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) identificaram propriedades antifúngicas em sete óleos essenciais, demonstrando sua eficácia contra quatro fungos que causam doenças pós-colheita em mangas, conforme o divulgado pela Embrapa. A pesquisa revelou que os óleos de orégano, alecrim pimenta, canela casca e alfavaca cravo foram capazes de inibir 100% do crescimento dos patógenos testados.
Segundo a Embrapa, os pesquisadores determinaram a concentração mínima inibitória dos óleos mais eficientes e analisaram sua composição química. O óleo de orégano destacou-se pelo efeito inibidor sobre os fungos Colletotrichum siamense, Lasiodiplodia theobromae e Botryosphaeria dothidea, apresentando excelente atividade antifúngica na menor concentração testada. Já o fungo Alternaria alternata foi mais sensível ao óleo essencial de canela casca.
A cromatografia gasosa revelou a composição dos óleos e sua relação com a atividade antifúngica, destacando componentes como carvacrol, timol, linalol e α-pineno. Carvacrol e timol, principais componentes dos óleos de orégano e alecrim pimenta, mostraram-se particularmente eficazes contra os fungos pós-colheita. No óleo de alecrim, o carvacrol compõe cerca de 69%, enquanto no alecrim pimenta, o timol chega a 77%. O cinamaldeído é o principal componente do óleo de canela casca (85%) e o eugenol da alfavaca cravo (84%).
Os resultados fornecem uma base para o desenvolvimento de tecnologias utilizando óleos essenciais como alternativa aos fungicidas sintéticos no controle de fungos em mangas. Elke Vilela, analista da Embrapa Meio Ambiente, destaca que o uso de fungicidas é comum no tratamento pós-colheita de mangas para reduzir a incidência de doenças e prolongar a vida útil da fruta. Contudo, devido aos riscos à saúde associados aos fungicidas, há uma crescente busca por tratamentos mais sustentáveis.
O uso de tratamentos alternativos, sem produtos químicos, também ajuda a superar barreiras comerciais em países que não aceitam frutas com resíduos de agroquímicos. "O uso excessivo de agroquímicos pode contaminar as frutas e provocar o surgimento de cepas de patógenos resistentes ao fungicida, dificultando o controle das doenças pós-colheita", alerta Vilela.
A manga, sendo uma fruta climatérica, é colhida ainda imatura e amadurece durante o armazenamento, com alterações fisiológicas e bioquímicas, como o aumento da respiração e produção de etileno. O mecanismo de ação antifúngica dos óleos essenciais é atribuído aos seus componentes, que atuam de forma sinérgica ou aditiva, potencializando seus efeitos. Conhecer a atividade antifúngica desses constituintes pode ajudar a entender a eficácia dos óleos essenciais no combate aos fungos.