Baixo carbono recebe só 1,6% do Plano Safra
Setor que mais emite gases no Brasil segue com baixo apoio financeiro

Apesar do anúncio recorde de R$ 605 bilhões no Plano Safra 2025/26, apenas uma fração desse valor será aplicada em práticas agrícolas de baixo carbono. Segundo análise do Instituto Talanoa, somente R$ 8,1 bilhões — ou 1,6% do total — foram destinados diretamente ao financiamento de tecnologias sustentáveis no campo.
De acordo com o levantamento divulgado na nova edição do Tá Lá no Gráfico, os recursos para ações como recuperação de pastagens degradadas, fixação biológica de nitrogênio, sistemas integrados de produção e florestas comerciais ainda são escassos, mesmo com alta demanda e viabilidade técnica já comprovada. Esses sistemas são fundamentais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, em um setor responsável por 30,5% das emissões nacionais.
O Instituto destaca ainda que o programa RenovAgro, principal canal de incentivo ao agro sustentável, segue com orçamento tímido. Enquanto isso, outras frentes de financiamento tradicional continuam sendo priorizadas, o que revela um descompasso entre os compromissos climáticos do Brasil e o apoio real à transição sustentável no setor agropecuário.
Outro ponto de alerta é o corte contínuo no orçamento do Proagro, seguro rural voltado à agricultura familiar. O programa perdeu R$ 3,6 bilhões nos últimos dois anos, apesar do aumento expressivo das perdas no campo causadas por eventos climáticos extremos. Essa redução compromete a resiliência do pequeno produtor diante de uma agricultura cada vez mais vulnerável ao clima.
Como novidade, o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) passa a ser exigência para parte dos financiamentos, o que representa uma mudança significativa na política agrícola, ao incluir o risco climático como critério de acesso ao crédito.