Produção de silagem depende de manejo adequado
Especialista orienta manejo correto da silagem

A produção de silagem exige atenção em todas as etapas para evitar perdas e garantir um alimento de qualidade ao rebanho. Quando mal produzida ou manejada de forma incorreta, a silagem pode resultar em perdas elevadas no armazenamento, além de prejudicar a saúde e o desempenho dos animais.
Segundo Thiago Neves Teixeira, engenheiro agrônomo, mestre em conservação de forragens e técnico da Sementes Oeste Paulista (SOESP), “detalhes fazem grande diferença no resultado final”. Ele destaca que a escolha da cultura, o manejo da lavoura, o momento da colheita, o tamanho das partículas, a regulagem das máquinas, a compactação e a vedação do silo são fatores decisivos para o sucesso do processo.
De acordo com o especialista, “no caso de forrageiras como o Panicum maximum, é essencial optar por variedades com boa produtividade de matéria seca e qualidade de fibra”. Teixeira observa que “variedades com menor teor de lignina e uma maior proporção de folhas em relação aos colmos favorecem a digestibilidade, impactando diretamente na qualidade bromatológica do alimento volumoso ofertado ao rebanho”.
Para garantir a qualidade da silagem, Teixeira ressalta a importância do solo bem manejado e do controle de pragas, doenças e plantas daninhas. “Pode-se obter uma silagem de baixa qualidade a partir de uma forrageira de alta qualidade se a tecnologia empregada não for adequada, mas jamais será obtido uma silagem de alta qualidade a partir de uma forrageira de baixa qualidade”, alerta.
O momento da colheita também é determinante. Segundo a Embrapa, o ideal é que a planta atinja entre 28% e 40% de matéria seca. No caso de capins tropicais, o teor costuma estar mais próximo do limite inferior no ponto ideal de corte. “Colher fora desse ‘time’ pode prejudicar a fermentação ou reduzir drasticamente a digestibilidade”, explica Teixeira.
O especialista recomenda atenção ao tamanho das partículas. “Para silagem de Panicum, o ideal são partículas entre 1,5 e 2,5 centímetros, cortes abaixo dessa faixa podem gerar distúrbios metabólicos nos animais e/ou aumento das perdas por efluentes uma vez que geralmente o capim é um material mais úmido em relação a outras plantas forrageiras e o menor tamanho de partícula está associado ao maior rompimento das células. Por outro lado, tamanhos de partícula acima dessa faixa podem gerar dificuldade de compactação e segregação do alimento pelos animais”.
A regulagem das máquinas também é fundamental. “Equipamentos corretamente ajustados garantem colheita homogênea e fermentação eficiente”, explica Teixeira.
Para evitar perdas, a compactação deve ser eficiente. “Compactar bem é essencial, especialmente no caso do Panicum, cuja estrutura é mais fibrosa”, afirma o especialista. A vedação do silo também merece atenção. “Se há entrada de oxigênio, ocorre fermentação aeróbia, o que consome nutrientes, gera calor e facilita o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis”, alerta.
O uso de sementes certificadas é outro ponto relevante. “Sementes certificadas proporcionam melhor rendimento por hectare, melhor formação da pastagem e uma produção mais uniforme da planta forrageira, o que resulta em silagem de maior qualidade”, orienta Teixeira.
O especialista recomenda ainda o uso de aditivos. “Para forrageiras como o Panicum e outros capins tropicais, deve-se focar nos inoculantes a base de bactérias produtoras de ácido lático para acelerar a redução do pH após a vedação do silo, reduzindo perdas ao longo do processo fermentativo. isso pode ser um diferencial importante para manter a qualidade da silagem de capim”, observa.
Por fim, Teixeira explica como identificar uma silagem bem fermentada. “A silagem está pronta quando apresenta temperatura estável, ausência de oxigênio e adequados teores de ácidos orgânicos que impedem a proliferação de microrganismos indesejáveis, podendo ficar armazenadas por longos períodos desde que mantida a condição de anaerobiose dentro do silo. O tempo mínimo de fermentação recomendado é de 3 a 4 semanas, podendo sofrer alterações de acordo com a forragem e inoculante microbiano utilizados”, finaliza.