Milho: quais impactos do acordo entre China e EUA?
Guerra no Oriente Médio gera preocupação no setor

O recente acordo comercial entre China e Estados Unidos trouxe reflexos ao mercado internacional de milho. De acordo com análise da Grão Direto divulgada nesta segunda-feira (16), a redução temporária de tarifas sobre produtos americanos tende a criar um ambiente de maior estabilidade, com expectativa de leve aumento nas exportações dos Estados Unidos para o mercado asiático. “O impacto sobre o milho é limitado, já que a China ainda importa baixos volumes do cereal norte-americano”, avaliou.
Apesar disso, Brasil e Argentina continuam como fornecedores competitivos, em um cenário de safra recorde nos EUA e estoques globais confortáveis.
A escalada da guerra no Oriente Médio também gera preocupação no setor. O Irã, que ocupa a terceira posição entre os maiores compradores de milho do Brasil em 2024, respondeu por mais de 35% das exportações nacionais do produto no acumulado do ano, segundo dados da Secex. Além disso, o Irã é um dos principais exportadores mundiais de fertilizantes nitrogenados, com mais de 4,5 milhões de toneladas vendidas anualmente. O Brasil está entre os principais destinos. Israel, por sua vez, é o terceiro maior fornecedor global de cloreto de potássio. “A alta do petróleo eleva os custos de produção, incluindo o preço da ureia, que fechou a sexta-feira com alta de 8,1%”, destacou a Grão Direto. Caso o conflito entre Israel e Irã avance, o preço do barril pode voltar a ultrapassar US$ 100.
A competição entre Brasil e Estados Unidos deve se intensificar. A entrada da safra brasileira e a boa produtividade norte-americana têm pressionado os preços para baixo, tanto no mercado interno quanto externo. “Estoques ajustados e demanda firme devem evitar quedas mais acentuadas a médio prazo”, informou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Segundo o levantamento, o atraso na colheita da safrinha pode reduzir a oferta no curto prazo, mantendo os preços elevados em algumas regiões.
O ritmo das exportações americanas segue lento. Na semana encerrada em 5 de junho, os Estados Unidos venderam 791,3 mil toneladas de milho da safra 2024/25, queda de 16% em relação à semana anterior. Os principais destinos foram Japão, México, Colômbia, Coreia do Sul e Egito. Para a temporada 2025/26, os cancelamentos superaram as vendas em 29,6 mil toneladas. No total, as exportações somaram 1,691 milhão de toneladas, com avanço de 3% na comparação semanal.
A expectativa é de que as cotações do milho continuem pressionadas pela evolução da colheita brasileira. Por outro lado, a demanda interna poderá ajudar a equilibrar o mercado. No cenário externo, o desenvolvimento da safra nos Estados Unidos seguirá como fator determinante para a formação de preços.