Geomembranas viram aliadas contra irregularidade das chuvas
Agro tem intensificado os investimentos em tecnologias que assegurem a produtividade

Com o avanço das mudanças climáticas e a maior imprevisibilidade dos regimes de chuvas, o agronegócio brasileiro tem intensificado os investimentos em tecnologias que assegurem a produtividade das lavouras. Uma das soluções que vem ganhando espaço é o uso de geomembranas em reservatórios e canais de irrigação, alternativa que reduz perdas de água e oferece maior previsibilidade aos produtores.
Entre os destaques desse setor está a Lonax, empresa com mais de duas décadas de atuação no mercado de lonas plásticas, que tem ampliado sua participação no segmento de geomembranas. Segundo a companhia, o uso da tecnologia tem potencial para triplicar a produtividade em áreas com escassez hídrica, especialmente em polos estratégicos como o Matopiba (região que abrange Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e o Oeste da Bahia.
De janeiro a abril de 2025, a venda de geomembranas da Lonax cresceu 22% em comparação com o mesmo período do ano anterior. O crescimento acompanha o avanço dos sistemas de irrigação no país. De acordo com levantamento da Embrapa, a área irrigada no Brasil ultrapassou os 2,2 milhões de hectares em 2024, com aumento de quase 300 mil hectares em dois anos. O Oeste da Bahia se consolidou como o maior polo de irrigação por pivô central no Brasil.
“Contar com sistemas de irrigação é como ter o poder de fazer chover na propriedade”, afirma Pollyanna Penido, diretora Comercial da Lonax. Para ela, a instalação de reservatórios com geomembranas oferece segurança hídrica, reduz custos operacionais e minimiza a dependência da sazonalidade das chuvas – um desafio crescente com o agravamento do aquecimento global.
A geomembrana desenvolvida pela Lonax é fabricada com polietileno de alta ou baixa densidade, garantindo resistência química, durabilidade e impermeabilidade. Sua principal função é evitar a infiltração de água em solos arenosos – comuns nas regiões Norte e Nordeste –, o que permite uma gestão mais eficiente dos recursos hídricos e redução do consumo de energia por meio de bombeamento em horários estratégicos.
Além disso, o uso da geomembrana apresenta vantagens consideráveis frente a métodos tradicionais. A compactação do solo, por exemplo, tem elevado índice de perda por infiltração, e os reservatórios de concreto, embora eficazes, demandam investimentos maiores e estão sujeitos a fissuras ao longo do tempo.
O cenário atual aponta que o mercado brasileiro de geomembranas para o agro ainda é incipiente, mas deve crescer impulsionado pelo aumento da frequência de secas. Um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revela que o Brasil teve um aumento de mais de quatro vezes no número de ondas de calor nas últimas três décadas, além de uma queda significativa na precipitação em regiões como Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste.
Segundo projeções da consultoria Mordor Intelligence, o mercado global de geomembranas – que inclui aplicações agrícolas, industriais e em obras civis – movimentou US$ 2,45 bilhões em 2024 e deve atingir US$ 3,38 bilhões até 2029, impulsionado por legislações ambientais mais rígidas e pela necessidade de preservar os recursos hídricos.
“Enquanto países como Estados Unidos, Canadá e Austrália já avançaram no uso dessa tecnologia, o Brasil ainda tem muito espaço para crescer”, conclui Pollyanna.