Mercado de trigo deve seguir pressionado
Existem alguns pontos de atenção

O mercado brasileiro de trigo, especialmente no Rio Grande do Sul, enfrenta atualmente uma pressão de preços para baixo, reflexo da menor demanda e do aumento da oferta, devido aos estoques remanescentes e sobras de sementes. No Paraná, a situação é agravada pelo excesso de importações de trigo, que já somaram cerca de 150 mil toneladas em pelo menos cinco navios, gerando sobra de farinhas inteira e especial e estimulando a concorrência com a farinha argentina.
Segundo análise da TF Agroeconômica, o atual cenário tem preços pressionados, mas a expectativa para a próxima safra é de recuperação dos valores. A guerra no Oriente Médio, combinada com problemas climáticos nos EUA e Rússia, levou a alta nas cotações da CBOT, embora a lucratividade do trigo ainda esteja muito baixa. A produção prevista para o Brasil em 2025/2026 é menor que a safra atual, o que deve elevar os preços a partir de fevereiro de 2026. A recomendação é que os produtores evitem vender entre setembro de 2025 e janeiro de 2026, enquanto compradores devem aproveitar o momento para adquirir o produto.
Entre os fatores que podem sustentar a alta, destacam-se as exportações dentro do esperado, com vendas para 2025/2026 já alcançando 427 mil toneladas; as hostilidades no Oriente Médio, região dependente de trigo importado; e a demanda da Argélia, que adquiriu entre 550 e 570 mil toneladas a preços competitivos. Entretanto, há pontos de atenção como as condições climáticas nos EUA, onde a colheita do trigo de inverno está atrasada devido a chuvas, e a seca na região russa de Krasnodar, que pode impactar a produção.
Por outro lado, fatores que atuam para conter os preços incluem a melhora do clima nos EUA, que favoreceu o progresso das lavouras, o aumento inesperado da produção russa projetada em 90 milhões de toneladas para 2025/2026 — número que pode incluir áreas ucranianas sob controle russo — e a recuperação das safras europeias, beneficiadas pelas chuvas recentes. Além disso, a Ucrânia enfrenta barreiras comerciais que ampliam a competição internacional, pressionando os preços globalmente. No Brasil, a falta de margens para os moinhos e o aumento da matéria-prima disponível devem continuar limitando os reajustes de preço, mesmo em períodos tradicionalmente mais favoráveis.