Ulisses Antuniassi destaca avanço na aplicação segura de defensivos
Treinamento capacita produtores para uso correto de defensivos

Com mais de 7 mil pessoas treinadas no Rio Grande do Sul, o Programa de Aplicação Responsável (PAR), da Corteva Agriscience em parceria com a FEPAF/UNESP de Botucatu, chegou à Estação Experimental do IRGA, em Cachoeirinha, na Região Metropolitana de Porto Alegre, no último dia 11 de junho. A iniciativa é voltada para produtores rurais e aplicadores de defensivos agrícolas e tem como missão central a promoção das boas práticas agrícolas.
Um dos destaques do encontro foi a presença do professor Ulisses Antuniassi, doutor em Agronomia e especialista em tecnologia de aplicação de defensivos e agricultura de precisão. Titular do Departamento de Engenharia Rural da UNESP de Botucatu (SP), Antuniassi tem sido uma das principais vozes na transformação da forma como se entende a pulverização no campo.
“Em 2006, quando começamos o projeto, era muito comum o agricultor ter dificuldade em entender o que eram boas práticas”, relembra o professor. “Hoje, passadas duas décadas de treinamentos, eles já sabem o que esperar. O entendimento de que boas práticas significam o uso correto e seguro da tecnologia está muito mais consolidado.”
Ao longo dos anos, o PAR se tornou referência justamente por não focar em produtos ou marcas, mas no processo. “Quando chegávamos a uma propriedade, muitos esperavam que dissessemos qual o melhor produto para controlar uma praga. Mas explicávamos: não estamos aqui para falar de produto, e sim de como aplicar corretamente e com segurança. Isso surpreendia, e todos paravam para escutar.”
Para Antuniassi, um dos maiores avanços foi o entendimento sobre o risco da deriva — o desvio indesejado da pulverização para áreas fora do alvo. “Esse é talvez o maior ganho. Hoje o agricultor entende como a deriva acontece e como pode ser evitada. Esse conhecimento não era claro há 20 anos.”
Mesmo com tanto progresso, o PAR segue sendo necessário. Isso se deve, segundo ele, à alta rotatividade dos aplicadores. “A agricultura é muito maior do que o PAR. Já atendemos 35 mil pessoas em todo o país, mas isso é uma fração dos que aplicam defensivos todos os dias.” Ele explica que o aplicador muitas vezes muda de função rapidamente: “Hoje ele está pulverizando, amanhã está operando a colheitadeira. Todos os dias surgem novos profissionais para serem treinados.”
Essa rotatividade torna o PAR ainda mais essencial como porta de entrada. “É o treinamento básico, aquele primeiro contato com o universo da pulverização segura. E, a partir disso, esse trabalhador pode se aprofundar mais.”
No contexto geral do agronegócio brasileiro, o impacto da disseminação das boas práticas é significativo. “O Brasil é respeitado internacionalmente por sua competitividade e pela eficiência da agricultura. Parte desse respeito vem justamente da forma como seguimos processos técnicos, com segurança, responsabilidade e sustentabilidade. O PAR contribui para isso.”
Além dos treinamentos práticos e teóricos, o evento em Cachoeirinha foi uma oportunidade estratégica para aproximar a imprensa do conteúdo do PAR. A ideia é ampliar a conscientização pública sobre a importância da aplicação correta de defensivos — um tema sensível e fundamental para a segurança do trabalhador, da produção agrícola e do meio ambiente.
“Estamos falando de tecnologia, de segurança e de responsabilidade social. Quando se treina um aplicador, se protege a lavoura, o ambiente e as pessoas envolvidas no processo.” finaliza Antuniassi.
O Programa de Aplicação Responsável (PAR) segue alinhado às Instruções Normativas 12 e 13 da SEAPI/RS e tem apoio institucional da FEPAF e da UNESP, ampliando seu alcance por meio de ações de extensão e treinamentos presenciais em regiões estratégicas do agronegócio brasileiro.