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AGROTEMPO: análise agroclimática completa para abril

Confira a previsão climática e os impactos agronômicos nas principais lavouras do Brasil


Condição de Neutralidade deve se estabelecer, mas outros fenômenos climáticos tomam maiores proporções Condição de Neutralidade deve se estabelecer, mas outros fenômenos climáticos tomam maiores proporções - Foto: Nadia Borges

O mês de abril será marcado pela transição do fenômeno El Niño para a Neutralidade, afetando as condições de chuvas em todo o país. Contudo, a expectativa é de temperaturas significativamente acima da média em áreas da parcela central do Brasil.

Essa previsão deve mexer com as condições das lavouras em todas as regiões

No Sul, o milho safrinha e a soja em final de ciclo exigem atenção especial. No Centro-Oeste, a falta de chuvas pode prejudicar o plantio do trigo e do sorgo. Já no Nordeste, as chuvas acima da média beneficiam o milho e o feijão, mas podem ser um desafio para a soja em fase de colheita. Por fim, na região Norte, a escassez hídrica preocupa os produtores de algodão e milho.

Confira o conteúdo completo para saber mais sobre os impactos do clima em cada região.

 

Índice:

  1. Chuvas registradas em março 2024
  2. Panorama das condições oceânicas
  3. Previsão de para as temperaturas abril 2024
  4. Previsão de para as chuvas abril 2024
  5. O que esperar no Agro
    1. Sul
    2. Sudeste
    3. Centro-Oeste
    4. Nordeste
    5. Norte

 

Chuvas registradas em Março 2024

O mês de março foi marcado pela grande irregularidade das chuvas. De maneira geral, a maioria dos setores do brasil tiveram condições de chuvas abaixo da média do mês, pelo menos até o último dia 27.

As chuvas mais intensas se concentram ao norte do país com acumulados acima dos 600 mm em áreas do norte do Pará e noroeste do Maranhão. Alguns pontuais também foram expressivos em áreas do sudeste do Amazonas e sul do Pará. 

Os corredores de umidade também mantiveram as condições de chuvas entre Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Embora nessas localidades as instabilidades foram mais irregulares ao longo do período.

Volumes significativos também foram registrados no sudoeste do Rio Grande do Sul no decorrer do mês. 

Pelo menos duas grandes áreas no Brasil fecharam o  mês com volumes mais baixos, como em áreas do norte de Minas Gerais e Bahia; e no noroeste do Paraná e Mato Grosso do Sul.


De maneira geral, as precipitações ficaram abaixo da média em todas as regiões do país. As áreas mais chuvosas ocorrem na forma de bolsões mais úmidos, mas ocorrendo de forma mais localizada. 

O destaque de chuvas acima da média é p sudoeste do Rio Grande do Sul, enquanto o norte do Amazonas, Acre, Baixo Amazonas no Pará e Amapá têm como destaque as chuvas significativamente abaixo da média histórica.

 

Em março, a distribuição de chuvas no Brasil apresentou variações significativas. No norte do país, o mês foi caracterizado por uma alta frequência de dias chuvosos, com raros períodos de seca. Por outro lado, regiões como o norte de Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, a porção oeste do Mato Grosso do Sul, o noroeste do Paraná e o leste do Rio Grande do Sul registraram uma quantidade reduzida de dias com chuva. Além disso, merece menção o estado de Roraima, que enfrentou um março quase completamente árido, com escassos registros de precipitação.

 

Panorama Condições Oceânicas e El Niño

As projeções indicam que as águas do Oceano Pacífico Equatorial continuarão esfriando nas próximas semanas. De acordo com o Bureau de Meteorologia da Austrália, quatro dos sete modelos climáticos indicam a Neutralidade até o final de abril (ou seja, nem El Niño nem La Niña).


Comparação entre as projeções para a anomalia da temperatura da superfície do mar na região do Nino3.4 no mês de abril. De acordo com o centro australiano, valores entre ±0.8°C em relação à média histórica, é considerado como Neutralidade do fenômeno El Niño. Fonte: BOM.

Essa tendência de enfraquecimento do fenômeno deve persistir ao longo dos próximos meses, com uma possível La Niña – probabilidade de 60% – emergido entre julho e setembro, conforme indicado pela projeção por conjunto do Instituto Internacional de Pesquisa para o Clima e Sociedade , da universidade de Columbia nos EUA (IRI/Columbia).

 


Probabilidades para El Niño (vermelho), Neutralidade (cinza) e La Niña (azul), para os trimestres corridos. Fonte: IRI/Columbia.
 

Previsão de para as temperaturas abril 2024

No que diz respeito à previsão das temperaturas para o mês de abril, a expectativa é de temperaturas acima da média em praticamente todos os setores do país. Apenas o sudeste do Rio Grande do Sul deve ter marcas dentro daquilo que seria esperado para o mês. 

Já em áreas entre o sul de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Sul de Goiás, Triângulo Mineiro, Oeste Paulista e extremo norte do Paraná, as condições mais prováveis são de temperaturas significativamente acima da média histórica.

Previsão multimodelo Agrotempo para a variação de temperaturas em relação à média no mês de abril. Áreas em amarelo indicam previsão de temperaturas acima da média histórica.

 

Previsão de para as chuvas abril 2024

Com a possível entrada da Neutralidade climática ao longo do mês de abril, o comportamento das chuvas apresenta variações mais pontuais em decorrência de outros fenômenos climáticos, como a oscilação Madden-Julian, Oscilação Antártica e as temperaturas do oceano Atlântico.

Diante disso, o sinal mais forte das componentes climáticas sinalizam para a influência negativa da Oscilação Madden-Julian sobre as chuvas no país, especialmente na primeira quinzena do mês. Após isso, as instabilidades serão favorecidas em áreas do Nordeste Brasileiro. 
 


Comparação entre diversas projeções para o desvio das chuvas no mês de abril de 2024.

A expectativa para o mês é de chuvas acima da média em áreas do leste do Pará, extremo norte do Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e SEALBA.

Áreas do extremo norte do Amazonas e Roraima também têm maiores probabilidades de fecharem o mês de abril com chuvas acima da média histórica.

Por outro lado, um corredor que se estende desde o Amapá, oeste do Pará, Acre, metade sudeste do Amazonas, Rondônia, Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul , Triângulo Mineiro, Oeste Paulista e Norte do Paraná, deve registrar um mês de abril com chuvas abaixo da média.

Isso traz um cenário de atenção para a região mais central do Brasil, visto que a partir de abril às condições de chuvas, historicamente são reduzidas na região.

Nos demais setores, as projeções apontam para chuvas dentro da climatologia.

Previsão multimodelo Agrotempo para a variação das chuvas em relação à média no mês de abril. Áreas em laranja indicam previsão de chuvas abaixo, e áreas em verde indicam chuvas acima da média histórica.


O que esperar no agro em Abril
 

Sul

A previsão de chuvas ligeiramente abaixo da média e temperaturas mais altas ao norte do Paraná pode afetar o milho safrinha, especialmente nas fases de desenvolvimento vegetativo e enchimento de grãos, exigindo atenção à irrigação para evitar estresses hídricos. Nas demais regiões, com chuvas na média, espera-se um impacto menos severo. A soja em maturação e colheita pode se beneficiar de um clima mais seco, reduzindo o risco de doenças fúngicas, mas as lavouras no final da janela de plantio devem ser monitoradas para garantir umidade suficiente até o enchimento completo dos grãos. A colheita do arroz no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em fase final, tende a ser favorecida pelo clima previsto, com menos riscos de perdas por chuvas intensas. A colheita do milho primeira safra também deve ocorrer sem maiores problemas climáticos.

 

Sudeste

No Oeste Paulista e Triângulo Mineiro, a combinação de chuvas abaixo da média e temperaturas mais elevadas pode estressar culturas em fases críticas de desenvolvimento, como a floração do milho safrinha e do feijão segunda safra. A falta de água e o calor excessivo nesses estádios podem reduzir a produtividade destas culturas. Em contraste, as condições para a maturação e colheita da soja parecem favoráveis, com menos chuvas, diminuindo o risco de doenças fúngicas e facilitando as operações de colheita. O plantio e desenvolvimento vegetativo do trigo podem se beneficiar de um clima mais seco no curto prazo, mas a atenção deve ser voltada para o manejo adequado da irrigação. Para o café, a fase de granação e maturação pode exigir cuidados especiais contra o estresse hídrico, principalmente em regiões com previsão de temperaturas elevadas.

 

Centro-Oeste

Para a soja, em finalização de colheita, o clima mais seco favorece as operações de campo, reduzindo riscos de perdas na qualidade dos grãos. No entanto, o avanço do plantio do trigo e do sorgo, especialmente em Mato Grosso do Sul e Goiás, poderá enfrentar limitações, uma vez que a germinação e o desenvolvimento inicial dessas culturas dependem de umidade adequada, podendo necessitar de irrigação suplementar. A semeadura e o desenvolvimento vegetativo do feijão segunda-safra também podem ser impactados negativamente pela falta de chuvas, afetando a disponibilidade de água no solo e potencialmente reduzindo a produtividade. Para o algodão, em fase de formação das maçãs e maturação, a redução das chuvas pode ser benéfica ao limitar doenças foliares, mas o estresse hídrico excessivo pode comprometer o desenvolvimento das fibras.

 

Nordeste

No oeste da Bahia, as chuvas previstas dentro da média histórica sugerem um cenário estável para as culturas em desenvolvimento, sem riscos significativos de seca ou excesso hídrico. Para culturas de milho e feijão, nas demais regiões, as chuvas acima da média são benéficas durante a fase de enchimento de grãos, potencialmente aumentando a produtividade. Contudo, a soja, que se encontra em estágios de maturação e colheita, pode enfrentar desafios com excesso de umidade, afetando a qualidade dos grãos. O início do plantio do trigo pode se beneficiar pelas chuvas. Para o algodão, as condições climáticas adequadas para floração e formação das maçãs indicam um potencial para boas safras, desde que práticas de manejo sejam ajustadas para aproveitar ao máximo o clima favorável.

 

Norte

O algodão em Rondônia, Sul do Pará e Tocantins, a escassez hídrica pode afetar negativamente a fase de desenvolvimento das fibras, comprometendo a qualidade e produtividade. No caso do milho primeira safra, em enchimento de grãos e maturação, a redução das chuvas pode acelerar a maturação, mas com riscos de redução no peso e qualidade dos grãos. Para o milho safrinha, ainda no desenvolvimento vegetativo, a falta de água pode limitar o crescimento e desenvolvimento das plantas, impactando o potencial produtivo. A soja, em fase de maturação e colheita, pode se favorecer com a menor incidência de chuvas, facilitando os trabalhos de campo e reduzindo perdas na colheita. O café em Rondônia, em fase de granação e maturação dos frutos, pode sofrer com estresse hídrico, afetando o desenvolvimento dos frutos.

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