Brasil lidera cogeração de energia limpa
Essa liderança é atribuída à maturidade da agroindústria brasileira

O Brasil tem se consolidado como referência mundial na cogeração de energia a partir de fontes renováveis, seguindo uma tendência global de descarbonização da matriz energética. Enquanto o carvão mineral ainda representa 61% da cogeração global, segundo o relatório Global CHP Market Overview (dez/2024), o país caminha na direção oposta: em 2021, 69,2% da cogeração nacional veio de biomassa, como bagaço de cana-de-açúcar, licor negro e cavaco de madeira, conforme destaca Leonardo Nakamura, engenheiro da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen).
Essa liderança é atribuída à maturidade da agroindústria brasileira, que alia abundância de subprodutos a investimentos em tecnologia. Atualmente, o Brasil conta com 21,9 GW de capacidade instalada de cogeração em operação, o que representa 10,3% da matriz elétrica nacional. Só a biomassa responde por 18,7 GW, com destaque para o bagaço de cana (13,03 GW), segundo dados da Aneel e da Cogen. Em 2024, a geração elétrica por biomassa bateu recorde, com 58 TWh, segundo o Balanço Energético Nacional (BEN).
O tema estará em destaque na 31ª edição da Fenasucro & Agrocana, feira mundial da cadeia de bioenergia, que ocorrerá de 12 a 15 de agosto em Sertãozinho/SP. O evento será palco para debater os avanços da cogeração renovável e as oportunidades para o Brasil no cenário internacional.
Além do reconhecimento como potência em cogeração, o país planeja expandir sua atuação com exportações de biocombustíveis, tecnologias e até energia elétrica para vizinhos como Argentina e Uruguai. Para Nakamura, essa integração regional fortalece a segurança energética do Cone Sul e posiciona o Brasil como um fornecedor estratégico de energia limpa no continente.